Governistas perdem deputados; separatistas viram segunda força na Catalunha

Barcelona – O resultado da eleição realizada no domingo (25) na Catalunha, comunidade mais rica da Espanha, confirmou a polarização da população local sobre o tema da independência da região em relação […]

Barcelona – O resultado da eleição realizada no domingo (25) na Catalunha, comunidade mais rica da Espanha, confirmou a polarização da população local sobre o tema da independência da região em relação ao resto do país. Apesar da ampla vitória do Convergência e União (CiU), a coligação governista diminui sua representação no Parlamento catalão em 12 deputados. Com 97% dos votos apurados, a sigla liderada pelo atual presidente catalão Artur Mas obteve 50 deputados, uma queda considerável em relação aos 62 conquistados após a eleição de 2010.

Outro partido que perdeu deputados foi o Partido Socialista da Catalunha (PSC), historicamente a segunda força da região. Apostando em uma reforma federalista para o Estado espanhol, os socialistas se apresentavam nestas eleições como o meio termo entre os partidos nacionalistas, a favor da independência, e o Partido Popular (PP) e o Ciutadans (Cidadão, em catalão), que se opõem veementemente à secessão. Segundo os dados divulgados pelo governo catalão, o PSC conseguiu 20 assentos no Parlamento, oito a menos que em 2010.

Comprovando a polarização da questão separatista, os partidos que ganharam deputados são aqueles que defenderam firmemente uma posição sobe o direito de decidir dos catalães. O Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) foi o maior vencedor desta eleição. A sigla pró-independência saltou de dez deputados para 21 neste ano, ocupando o posto de segunda força política. O PP catalão ganhou um deputado e ficou com 19 assentos no Parlamento. Já os ecossocialistas do ICV-EUiA terão uma bancada composta por 13 parlamentares.

O Ciutadans foi o outro grande vencedor do dia. O partido fundado em 2006 triplicou o número de representantes e a partir deste ano contará com nove deputados. A novidade da eleição ficou por conta da Candidatura da Unidade Popular (CUP), partido comunista que entra pela primeira vez no Parlamento, com três representantes.

Maioria nacionalista

Os resultados comprovam as previsões dos institutos de pesquisa sobre a maioria nacionalista. Segundo os resultados divulgados neste domingo pelo governo da Catalunha, a bancada dos partidos que já se manifestaram a favor da consulta popular pelo direito dos catalães decidirem o seu futuro teria 86 deputados. O número equivale a quase dois terços do total de assentos no Parlamento.

Apesar da composição da casa ser predominantemente nacionalista, alcançar uma aliança governista não será fácil. “É difícil porque, ainda que certos partidos nacionalistas mais radicais manifestaram que podem apoiar ao partido do governo, existe uma diferença importante em termos de políticas sociais, educativas etc. O mais provável é pensar que voltaremos a ter um governo solitário”, afirma Joan Botella, analista político da Universidade Autônoma de Barcelona.

Participação elevada

Às 18h deste domingo, o Parlamento da Catalunha já indicava um aumento expressivo na participação eleitoral em relação ao pleito de 2010. Nas últimas eleições, no mesmo horário, 48,39% dos eleitores haviam votado. Neste ano, o percentual subiu para 56,30%. O resultado significa a melhor participação desde 1988.

Na parcial, Barcelona e Girona apresentavam o maior aumento no número de votos. Em 2010, as duas circunscrições estiveram em extremos opostos quando foram divulgados os resultados eleitorais. Barcelona representou o pior resultado para a coligação governista CiU (Convergência e União), com destaque para a cidade de Badalona, que neste ano teve um aumento na participação de 10 pontos percentuais. Já em Girona, o partido liderado por Mas obteve ampla vitória, com mais de 45% dos votos da circunscrição em 2010.

O atual presidente catalão foi o último dos principais candidatos a votar, Artur Mas chegou a sua seção eleitoral por volta das 13h (10h, horário de Brasília). Cercado de câmares e jornalistas, o candidato à reeleição afirmou que “estas são as eleições mais decisivas e transcendentes da história da Catalunha”.

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