Democracia grega é aprovada por apenas 11% da população, diz pesquisa

Apesar das críticas, coalizão governista tem apoio maior do que a oposição de esquerda

Atenas – Os protestos diários em Atenas contra a condução da crise por parte do governo grego ecoaram em números divulgados na sexta-feira (09) pelo instituto Public Issue, encomendados pelo jornal Ekathimerini e a rede TV Skai. Segundo a pesquisa, a confiança nos partidos políticos despencou e somente 11% dos gregos estão satisfeitos com a democracia no país.

A Grécia vive uma crise econômica sem precedentes e aguarda um “resgate” de 174 bilhões de euros (cerca de 452 bilhões de reais). Não há dinheiro em caixa, mesmo com a recente aprovação de um pacote de austeridade do FMI (Fundo Montetário Internacional), que, em tese, garantiria a liberação de um empréstimo de 31,5 bilhões de euros ao governo grego para pagar credores na semana que vem.

Relutantes, ministros das finanças da zona do euro ainda estudam se as medidas de austeridade a serem adotadas, como cortes em salários, aposentadorias e benefícios sociais, que tanto causam a ira da população grega, são “suficientes” para acalmar o mercado. A decisão sobre o pagamento do empréstimo, que sairia na próxima segunda-feira, acabou sendo postergada e não há data à vista.

Em meio a tanta indecisão sobre o futuro do país, a pesquisa do instituto Public Issue informa que apenas 5% dos gregos acreditam que suas finanças pessoais vão melhorar. Ao mesmo tempo, 75% esperam que ela vá piorar. Sem esperanças, a população abre críticas aos partidos políticos que estão à frente do Parlamento grego.

Para 76% dos entrevistados, a coalizão governista,comandada pelos partidos Nova Democracia, PASOK e Esquerda Democrática, não vai conseguir se manter durante os quatro anos de mandato. Na última votação, o trio amealhou apenas 153 de 300 votos possíveis para aprovação do pacote de austeridade do FMI. Uma maioria tênue. De quebra, a coalizão assistiu à rebeldia de sete deputados de sua linha de frente que, em retaliação, foram expulsos da legenda.

Mesmo assim, o trio ND-PASOK-Esquerda Democrática ainda é o favorito para governar o país. Segundo a pesquisa, 32% preferem a coalizão atual, enquanto 24% querem ver a oposição de esquerda Syriza no poder. O atual premiê, Antonis Samaras, da Nova Democracia, seria o preferido por 37%, enquanto Alexis Tsipras, da Syriza, seria o escolhido por 31% do eleitorado.

Orçamento e novos protestos

O Parlamento grego vota neste fim de semana o orçamento do país para 2013. A peça, quando aprovada, deve expor o volume de cortes proposto pela cartilha do FMI. A coalizão governista espera vencer no voto e ratificar o processo de austeridade, enquanto a oposição de esquerda condena os processos de achatamento de salários e privatização de empresas públicas.

O sindicato dos professores gregos, que sofrem com os cortes e perderam seus empregos, farão uma manifestação neste sábado na Praça Syntagma. A greve do transporte público continua indefinidamente. Todas as linhas de metrô e trens de superfície estão paradas e somente os ônibus estão em operação.

Hospitais operam com equipes enxutas e o serviço de emergência é feito em forma de rodízio – apenas algumas unidades em Atenas são capazes de atender pacientes em estado grave. Na base da solidariedade, gregos oferecem medicamentos caros pelo Twitter. Em pesquisa divulgada ontem, a Grécia bateu recordes de desemprego, com 25,4% dos trabalhadores fora do mercado. É o pior resultado da história do país e o dobro da média da União Europeia. 

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