Cristina Kirchner atribui panelaço a falta de oposição e cobra ideias novas

Cristina acusou alguns meios de comunicação de tentarem distorcer a visão popular sobre o governo (Foto: presidência argentina) São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, atribuiu […]

Cristina acusou alguns meios de comunicação de tentarem distorcer a visão popular sobre o governo (Foto: presidência argentina)

São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, atribuiu ontem (9) o massivo panelaço realizado no centro de Buenos Aires na véspera à falta de uma oposição formal, e cobrou que aqueles que criticam o governo apresentem propostas. “Este é um problema que há hoje político realmente na sociedade argentina: a falta de um comando político que nos apresente realmente um modelo alternativo, mas disso nós não podemos nos encarregar”, afirmou durante discurso na Casa Rosada, sede do governo argentino. “Nós realmente acreditamos no nosso. Que se encarreguem os que não acreditam no nosso de criar ideias, com projetos e como propostas, do que quer o resto da sociedade.”

Na véspera, um número incerto de pessoas, estimado entre 500 mil e um milhão, foi às ruas com uma série de críticas contra o governo de Cristina, desde a condução da economia até a maneira de fazer política e a execução da Lei de Meios, voltada à democratização da comunicação e responsável por um atrito com o Grupo Clarín, maior conglomerado midiático argentino, que em dezembro terá de se desfazer de boa parte de suas concessões de televisão e rádio. 

Horas depois, a presidenta reagiu com um discurso no qual ressaltou aquelas que considera as virtudes fundamentais dos dez anos de kirchnerismo. Para Cristina, o país fortaleceu e democratizou o poder político. “Meu compromisso com este projeto de país é inviolável. Não desde agora, não desde 25 de maio de 2003. Vem desde muito jovem e vem também desde a história, porque não é que começou tudo quando cheguei à presidência, ou quando Néstor (Kirchner) chegou, ou quando começamos a militar, nos anos 1970. Não, a história não é assim, a história não começa quando alguém chega e não termina quando alguém se vai”, ressaltou.

“Eu sonho com seguir reproduzindo esta incorporação, esta amplitude, esta sustentabilidade democrática de diferentes ideias. Não temos de pensar exatamente todos o mesmo, não temos de vir todos da mesma história”, acrescentou. “Ao contrário, o que mais enriquece a uma pessoa, o que mais enriquece a um país, a uma sociedade, é poder incluir e poder conviver e compartilhar ainda com os que temos histórias diferentes, origens diferentes.”

Cristina também guardou espaço para comentar a postura de alguns meios de comunicação e de seus opositores. Na visão dela, ambos carecem de propostas bem fundamentadas, e ancoram-se em ideias superficiais para distorcer a imagem que a população tem em relação ao governo. Ao mesmo tempo, ela recordou que alguns dos líderes políticos que tentam capitalizar os resultados do panelaço já exerceram cargos para os quais não estiveram à altura. “Isso eu falo em nome de todos os argentinos, que talvez tenham votado uma opção que logo os desiludiu porque fracasso, porque cansou, porque disse que faria uma coisa.”

Após ser reeleita em outubro do ano passado com uma votação expressiva, uma das maiores da história democrática argentina, Cristina passou a atravessar uma série de dificuldades e viu seu nome se desgastar junto a uma parte da população, em especial entre as classes altas e médias, afetadas por medidas econômicas.

Com informações do Página12.

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