Sandy complica reta final da tensa campanha eleitoral nos Estados Unidos

Campanha presidencial foi congelada justamente quando os dois candidatos, Obama e Romney, preparavam a ofensiva final, a uma semana do dia da votação

Fenômeno ocorre justamente quando os dois candidatos preparavam a ofensiva final, a uma semana do dia da votação (Foto: Gary Hershorn/Reuters)

Washington – A tensa e imprevisível disputa pela Presidência dos Estados Unidos ganhou contornos ainda mais dramáticos quando a gigantesca tempestade Sandy criou delicados desafios políticos para o presidente democrata Barack Obama e o adversário republicano, Mitt Romney, além de criar a perspectiva de um processo de votação caótico.

Paralisada, a Costa Leste está sendo castigada pela tempestade e a campanha presidencial foi congelada, justamente quando os dois candidatos preparavam a ofensiva final, a uma semana do dia da votação.

Diante de uma das maiores tempestades já vistas nos Estados Unidos, não há espaço para ataques políticos, e os dois lados prometeram deixar os interesses eleitorais em segundo plano. Mas, reservadamente, as campanhas se questionam sobre o impacto de Sandy numa semana em que as aparições de candidatos e a mobilização de militantes porta a porta é tão importante para levar os eleitores às urnas.

Há temores também a respeito do impacto sobre a votação antecipada, que é uma prioridade para as duas campanhas, mas especialmente para Obama. Há também o risco de que milhões de pessoas estejam sem energia nas suas casas e nas suas seções eleitorais na próxima terça-feira (6), dia oficial da eleição.

“É uma situação totalmente imprevisível, que pode se desenrolar de muitas formas diferentes, com riscos e recompensas para ambos os candidatos – o que é exatamente a razão pela qual consultores políticos de ambos os lados estão assustadíssimos agora”, disse o historiador Julian Zelizer, da Universidade Princeton, em Nova Jersey.

Como presidente, Obama é o principal responsável pela reação governamental à tempestade, e terá assim uma chance de demonstrar liderança – algo que Romney frequentemente cita como um ponto negativo do democrata.

O maior risco para Obama é ser comparado ao antecessor, o republicano George W. Bush, cujo governo teve uma reação desastrada quando o furacão Katrina devastou Nova Orleans, em 2005.

Obama cancelou comícios ontem e hoje (30) em estados eleitoralmente estratégicos, e voltou da Flórida para a Casa Branca a fim de se reunir com autoridades federais de emergência.

A equipe de Romney, após inicialmente manter os compromissos de campanha, aparentemente reconsiderou e anunciou ontem que o republicano iria cancelar um comício noturno em Wisconsin e remarcar sua agenda de hoje.

Romney se somou a Obama em apelos por doações à Cruz Vermelha, e manifestou solidariedade pelas pessoas que vivem na rota do furacão. Ligeiramente atrás nas pesquisas, Romney precisa da visibilidade da reta final de campanha para dar um clima de virada na disputa.

A situação também o impede de fazer críticas muito agressivas ao presidente, e, caso a resposta das autoridades à crise seja positiva, Romney poderá perder pontos por ter defendido um corte nas verbas para as agências federais de emergência, cujas atribuições ele gostaria de transferir parcialmente para os Estados ou para o setor privado.

“Isso joga um problema para a campanha em ambos os lados”, disse o estrategista republicano Ford O’Connell. “Ninguém quer parecer político no meio de uma crise.”

Sem atribuições oficiais a desempenhar, Romney pode ficar limitado a visitar centros locais de assistência, tentando não atrapalhar as operações de resgate. Já Obama poderá usar seus poderes presidenciais para dar ordens e fazer anúncios, e também se destacar no papel de “confortador” da nação.

“Não estou preocupado a esta altura com o impacto sobre a eleição”, disse Obama, em resposta a um jornalista que perguntou sobre a campanha. “Estou preocupado com o impacto sobre as famílias, e estou preocupado com nossos socorristas.”

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