Obama ataca Romney em debate para tentar recuperar eleitorado
Presidente norte-americano tentou promover imagem de oponente como candidato que governa para elite
Publicado 17/10/2012 - 12h37
Obama ironizou Romney e trouxe para o debate o vídeo onde o rival diz não se importar com 47% da população americana (Foto: Shannon Stapleton/Reuters)
O presidente norte-americano, Barack Obama, procurou recuperar seu fraco desempenho no primeiro debate eleitoral e adotou na noite de ontem (16) um tom incisivo nas respostas e perguntas contra o candidato republicano Mitt Romney. Isso porque, as últimas pesquisas de intenção de voto indicam o empate técnico entre o democrata o republicano.
Com duração de 90 minutos, o debate foi realizado na Universidade de Hofstra em Hempstead, localizada no estado de Nova York. A jornalista Candy Crowley, da emissora CNN, foi responsável por coordenar a discussão e até se envolveu em uma questão polêmica.
Os concorrentes debateram a crise econômica no país, as diretrizes da política externa norte-americana e trocaram acusações em diversos momentos. Ambos percorreram o palco para realizar suas declarações e procuraram se aproximar com o público por meio de gestos e expressões.
Romney manteve a estratégia do primeiro debate e utilizou seu tempo para criticar as políticas do atual governo, sobretudo sua forma de lidar com a economia. “Nós temos menos norte-americanos trabalhando hoje do que quando o presidente assumiu o cargo. Nós não fizemos nenhum progresso, nós temos que colocar as pessoas de volta aos seus empregos”, afirmou o republicano.
Obama mudou completamente sua atitude em relação ao primeiro debate e procurou promover a imagem de Romney como um homem de elite que não se preocupa com a grande parte dos norte-americanos. De acordo com o presidente dos Estados Unidos, o mandato do republicano seria voltado apenas aos grandes empresários e acionistas e seria ainda mais radical do que o de seu predecessor, George W. Bush.
“O governador Romney diz que ele tem um plano de cinco pontos. O governador Romney não tem um plano de cinco pontos; ele tem plano de um ponto. E o plano é ter certeza que as pessoas do topo joguem com um conjunto diferente de regras. Essa foi sua filosofia no setor privado, em seu governo e será como presidente”, sustentou Obama.
O presidente norte-americano também conseguiu arrancar os risos da plateia quando ironizou Romney ao responder que “minha pensão não é tão grande quanto a sua, então eu não demoro tanto tempo assim”. O democrata ainda trouxe para a discussão o vídeo que vazou de seu oponente dizendo que não se importava com 47% da população dos EUA.
Enquanto Romney discursava, Obama esperou em seu banco sentado com os olhos voltados para o público. O presidente norte-americano chegou a interromper o seu oponente e rir de algumas de suas colocações. Um dos momentos de maior tensão foi quando ambos apontaram seus dedos um para o outro, acusando-se de estar mentindo.
As pesquisas realizadas logo após o debate indicaram que Obama foi mais popular neste segundo debate: a CNN apontou que 46% dos espectadores preferiram o desempenho do presidente contra 39% do republicano e a emissora CBS colocou o democrata com 37% contra 30%.
“O presidente sabia que não tinha tido um bom desempenho no primeiro debate há duas semanas. Ele sabia que tinha que melhorar e Mitt Romney ficou parecendo desconfortável”, analisou Robert Gibbs, ex-porta-voz da Casa Branca. Os assessores de Obama garantiram neste domingo (14/10) que o democrata iria adotar “tom agressivo” neste debate.
Depois do primeiro debate com Romney, Obama perdeu pontos nas pesquisas eleitorais que passaram a indicar o empate técnico entre os candidatos. O instituto Gallup aponta que o democrata e o republicano possuem 47% e o Ipsos estima que Obama possui 46% e Romney, 43%.
Os republicanos afirmaram que a atuação do presidente não pode mudar a direção da disputa eleitoral. “O momento continua para Romney. Eu não acredito que (a performance no debate) muda a dinâmica. Isso nunca foi sobre estilo, mas sim sobre substância – empregos – e isso não mudou”, disse Ed Gillespie, assessor do republicano.
Os candidatos à presidência dos EUA ainda vão se enfrentar mais uma vez antes do pleito que acontece no dia 6 de novembro. O próximo debate será na Florida.