Relatório diz que políticas sociais e econômicas devem reeleger Chávez

Documento de instituto de pesquisas econômicas dos EUA analisa as duas recessões vividas pela Venezuela

Caracas – O Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas (CEPR na sigla em inglês) divulgou um relatório na quarta-feira (26) sobre as políticas econômicas e sociais de Hugo Chávez, relacionando-as com uma “provável” reeleição do presidente em 7 de outubro. O relatório “A recuperação econômica da Venezuela é sustentável?”, assinado pelos economistas norte-americanos Mark Weisbrot e Jake Johnston, chega a fazer ironia com as previsões de que o país entraria em um colapso econômico.

“Para a maioria dos analistas, na maior parte desses 13 anos, o colapso econômico da Venezuela viria logo ali na esquina”, disse Weibrot, diretor do CEPR, afirmando que essas previsões não eram baseadas em dados concretos, e talvez em “desejos”.

“A atual recuperação da economia da Venezuela, bem como o aumento dos padrões de vida, a redução da pobreza e um maior acesso à educação e à saúde, a partir do momento em que o governo tomou o controle de sua indústria petroleira, há 10 anos, podem explicar porque o presidente Hugo Chávez provavelmente será reeleito em 7 de outubro”, afirma o relatório.

O CEPR fala sobre a reformulação da política de venda do petróleo e a criação de fundos para investimentos na área social. O relatório também analisa a reação da Venezuela diante das duas recessões econômicas sofridas pelo atual governo, em 2003 e 2009, ambas enfrentadas de forma “positiva”.

Os economistas explicam que a primeira recessão veio com a tentativa de golpe de Estado de 2002 e o subsequente “paro petroleiro” de 2003, greve dos funcionários da PDVSA (Petróleo da Venezuela), articulado com forças opositoras e que levou a produção a quase zero, com profundas consequências para a economia. O relatório afirma que, mesmo com a perda de 29% do PIB (Produto Interno Bruto) provocada pela greve petroleira, já a partir de 2004, o governo reverteu o quadro e seguiu rumo à redução da pobreza “quase pela metade” e da extrema pobreza, em 70%.

A segunda recessão, fruto da queda dos preços do petróleo (2008) e da crise econômica mundial (2009), também foi amenizada por políticas internas, indica o relatório. “Em 2011, a economia venezuelana desafiou a maioria das previsões crescendo 4,2% e está em 5,6% no primeiro semestre de 2012”, diz o texto.

Também segundo o relatório, com um superávit em conta corrente de US$ 24,6 bilhões em reservas (6,6% do PB nos últimos 12 meses) e com as previsões de estabilidade ou aumento dos preços do barril de petróleo, é improvável ocorrer qualquer problema nos pagamentos internacionais do país. “Durante a recuperação da economia depois da greve petroleira, o FMI (Fundo Monetário Internacional) fez previsões subestimadas da recuperação econômica do país, com margens de 10,6%, 6,8% e 5,8% para os anos de 2004 a 2006”. Neste período, a Venezuela cresceu 16,8%, 9,3% e 10,3%.

Sobre a inflação, as análises do CEPR também são positivas, diante do decréscimo dos índices nos últimos meses. No início de setembro, o BCV (Banco Central da Venezuela) informou que a inflação em 2012 vem apresentando forte desaceleração e prevê a redução do índice de 27,6%, registrado em dezembro de 2011, para 18,1%, em 2012. Para Weisbrot, investir em papéis do tesouro venezuelano é um bom negócio. “Com base na capacidade de pagamento da dívida pública e olhando para o futuro, os títulos do tesouro estão certamente abaixo do preço”, pontua.

Programas sociais

O relatório elogia as missões sociais do governo Chávez, como os projetos de construção de casas populares e os programas de transferência de renda. A construção civil no país cresceu 22% em 2011, impulsionada pela Grande Missão Habitação, que construiu 147 mil moradias até o ano passado e planeja mais 200 mil até o final de 2012. O relatório também diz que o país sul-americano construiu 2,5 vezes mais moradias que os EUA em 2011. “Estes números são grandes se comparados com a população da Venezuela”, afirma.

O CEPR ainda faz menções aos fundos de desenvolvimento chino-venezuelano, ao rigoroso controle de câmbio do país, ao controle das contas públicas e os altos investimentos. Para responder a pergunta do próprio relatório, a CEPR conclui que a maior reserva de petróleo do mundo comprovada, “cerca de 500 bilhões de barris” e a manutenção da estabilidade política, “que tem acontecido” desde que o país controla a indústria petroleira, dará a Venezuela “a capacidade para manter taxas sólidas de crescimento econômico”.