OEA conclui visita ao Paraguai e diz que país está ‘aberto para a democracia’

Missão de três dias enviada pela Organização dos Estados Americanos avaliou positivamente a preparação das autoridades paraguaias para as eleições de abril de 2013

São Paulo – O chefe da missão enviada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para analisar o processo eleitoral no Paraguai, Hugo de Zela, afirmou na noite de ontem (31) que “existe uma grande abertura dos setores políticos para fortalecer a democracia no país mediante o diálogo e a transparência”. As informações foram divulgadas pela agência estatal IP Paraguay após uma entrevista coletiva oferecida por Zela na sede do Ministério de Relações Exteriores paraguaio.

Os representantes da OEA estão no país desde a última terça-feira (28) para avaliar como as autoridades paraguaias estão se preparando para as eleições de abril de 2013. “Existe um claro interesse em contar com observadores internacionais, não apenas da OEA, e acreditamos que isso é muito conveniente”, afirmou Hugo Zela, ressalvando que, apesar da presença estrangeira, o processo eleitoral deverá respeitar a soberania dos paraguaios. “A OEA apenas oferecerá seu apoio.”

O chefe da missão informou ainda que o grupo enviará representantes permanentes ao Paraguai a partir de dezembro, quando os partidos políticos paraguaios deverão realizar suas primárias e escolher os candidatos que concorrerão às eleições. Essa nova delegação será encabeçada pelo ex-presidente costa-riquenho e ganhador do prêmio Nobel da Paz, Óscar Arias. “Sua presença já garante transparência”, avaliou.

Hugo Zela disse ainda que o governo paraguaio firmará um acordo com a OEA para conceder algumas imunidades e privilégios aos observadores internacionais que participarão do pleito de abril. A OEA também deverá firmar convênios com o Tribunal Supremo de Justiça Eleitoral do país. No próximo dia 11 de setembro, o Paraguai deve receber a visita do secretário de assuntos políticos da OEA, Kevin Casas-Zamora, e que possivelmente o presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, José de Jesús Orozco, deve ir ao país.

A OEA enviou uma missão ao Paraguai para examinar a situação política do país, que foi suspenso do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) em junho dias após o impeachment-relâmpago que destituiu o então presidente paraguaio, Fernando Lugo, no dia 22 de junho último. Para os líderes da região, houve o rompimento da ordem democrática, pois Lugo teve apenas duas horas para se defender do processo de impeachment.

Sem chances de retornar ao poder antes das próximas eleições, o ex-presidente paraguaio foi nomeado hoje o novo líder do Frente Guasú, coalizão política que aglutina movimentos políticos e sociais da esquerda paraguaia. Fernando Lugo deve encabeçar a lista de candidatos da agrupação para o Senado, mas ainda espera autorização judicial que decidirá se pode ou não concorrer à presidência.

A legislação paraguaia diz que, após terminar o mandato, um presidente se transforma automaticamente em senador vitalício e não fica proibido de concorrer a qualquer cargo público. Como não conseguiu completar sua gestão e, por consequência, não foi nomeado senador vitalício, existem dúvidas se o ex-bispo poderá ou não lançar-se novamente à presidência. A Justiça eleitoral paraguaia ainda não se pronunciou oficialmente sobre o tema.

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