ONU: objetivos do milênio são difíceis de serem atingidos e dependem de governos

Três das oito metas fixadas dez anos atrás foram alcançadas antes do prazo final, de 2015: reduzir extrema pobreza, aumentar acesso a água portável e melhorar vida em favelas

São Paulo – A Organização das Nações Unidas (ONU) informou que três dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram atingidos antes do prazo final, de 2015, mas nem por isso a situação é confortável. Até agora, os estados-membros conseguiram reduzir pela metade o número de pessoas vivendo na extrema pobreza, cortar à metade a proporção de pessoas sem acesso a água potável e melhorar a vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de favelas.

Das cinco metas restantes, o relatório lançado ontem (2) avalia que elas são de difícil cumprimento, mas ainda podem ser atingidas caso os governos não renunciem ao compromisso assumido na década passada. “As crises econômicas atuais, que afligem grande parte do mundo desenvolvido, não podem desacelerar ou reverter o progresso que tem sido feito. Vamos construir sobre os sucessos que alcançamos até agora, e não vamos ceder até que todos os ODMs sejam atingidos”, afirma o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

O novo documento expõe que pela primeira vez desde que começou o monitoramento, na década de 1990, tanto o número de pessoas em extrema pobreza como os índices de pobreza diminuíram em todas as regiões em desenvolvimento, incluindo a África Subsaariana, onde as taxas são mais elevadas. Estimativas preliminares indicam que em 2010, a proporção de pessoas que viviam com menos de 1,25 dólar por dia caiu para menos da metade em relação à última década do século 20, o que significa que a meta número 1 foi cumprida. 

O relatório observa que o objetivo de reduzir pela metade a proporção de pessoas sem acesso a fontes seguras de água potável até 2010 foi alcançado. A proporção de pessoas que utilizam fontes seguras de água aumentou de 76% em 1990 para 89% em 2010. Em outra ponta, a proporção de residentes urbanos no mundo em desenvolvimento que vive em favelas diminuiu de 39% em 2000 para 33% em 2012. Mais de 200 milhões tiveram acesso a fontes de água segura, instalações sanitárias, ou habitação duradoura ou menos lotada. Isso excede a meta de melhorar significativamente as vidas de pelo menos 100 milhões de habitantes de favelas do planeta.

O documento aponta que o mundo alcançou ainda a paridade na educação primária entre meninos e meninas, uma das questões relacionadas à igualdade de gênero e de oportunidades. Em 2010, eram 97 meninas inscritas a cada 100 meninos, contra 91 para 100 em 1999. Além disso, as taxas de matrícula de crianças em idade escolar aumentaram significativamente na África Subsaariana, de 58% para 76% entre 1999 e 2010. “Estes resultados representam uma tremenda redução do sofrimento humano e são uma clara validação da abordagem incorporada nos ODMs”, disse Ban.

Leia também

Últimas notícias