Militares que torturaram pai da ex-presidenta do Chile são presos e processados

Exame médico revela que Alberto Bachelet teve morte causada por tortura

Em depoimento, atual diretora da ONU Mulheres, Michelle Bachelet, relata que ela e a mãe também foram torturadas (Foto: Fabio R. Pozzebom/ABr/arquivo)

São Paulo – Os coronéis acusados como responsáveis pela morte do general Alberto Bachelet, pai da ex-presidenta do Chile Michelle Bachelet, foram presos ontem (17) e serão processados pelo crime. Os ex-funcionários da Força Área Chilena Edgar Cevallos Jones e Ramón Cáceres Jorquera estavam encarregados da Academia Área de Guerra, onde Alberto Bachelet foi torturado, em 1974. O Serviço Médico Legal chileno divulgou há algumas semanas o resultado das investigações das circunstâncias de sua morte. A perícia constatou que os interrogatórios agravaram o problema cardíaco do qual ele sofria e provavelmente foram a causa de sua morte. O ministro de corte Mario Carroza decidiu ontem processar a Cevallos e a Cáceres, que foram levados a um quartel da Força Aérea, onde estão em prisão preventiva.

 

Alberto Bachelet era general durante o governo socialista de Salvador Allende e dirigia à época o órgão de abastecimento e preço. Após o golpe militar de 11 de setembro de 1973 sobre Allende, encabeçado pelo general Augusto Pinochet, que o levou a governar o país por 27 anos, Bachelet foi preso. Além dele, a esposa, Ángela Jeria, e a filha, Michele, mais tarde ministra da Defesa e presidenta, foram torturadas. 

De acordo com as investigações, no dia 11 de março de 1974 , ele foi tirado da Prisão Pública e levado à Academia de Guerra para ser interrogado. Após as torturas, foi levado de volta à Prisão Pública, e, lá, faleceu pela manhã do dia seguinte por conta de uma dilatação cardíaca aguda, sem receber cuidados médicos. Testemunhas afirmam que Bachelet informara seu estado de saúde, mas que os militares o ignoraram.

“Nós estivemos sempre convencidas que foi isso o que aconteceu e vimos o quanto ele sofreu depois de ter ficado preso na Academia de Guerra, depois de ter sido levado ao Hospital devido às torturas”, manifestou Ángela, segundo a página PrensaLatina.

“Existe uma relação direta entre a morte da vítima e seu último interrogatório, já que ele produziu uma descompensação de sua patologia cardíaca e o levou um estado de estresse físico e mental”, constata o relatório médico.

A época da morte do pai, Michelle Bachelet e sua mãe foram exiladas na Alemanha. Quando voltaram, Michelle começou sua carreira política. Em 2006, ela se tornou a primeira presidenta mulher do Chile.

Com informações de Página/12 e Emol

 

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