Argentina troca matador de indígenas por Evita Perón em nota mais valiosa

Cristina: “Esta nota é reparadora de nossos próprios erros, de nossos próprios equívocos” (Foto: Presidência da Argentina) São Paulo – A Argentina deu início à troca de notas de cem […]

Cristina: “Esta nota é reparadora de nossos próprios erros, de nossos próprios equívocos” (Foto: Presidência da Argentina)

São Paulo – A Argentina deu início à troca de notas de cem pesos, a mais valiosa, para tirar de circulação aquelas estampadas com o rosto do ex-presidente Julio Argentino Roca, responsável pelo massacre de indígenas na Patagônia. No lugar estará a face de Eva Duarte de Perón, a Evita, cujo aniversário de morte completou ontem (25) 60 anos. 

“Esta nota é reparadora de nossos próprios erros, de nossos próprios equívocos”, afirmou a presidenta Cristina Fernández de Kirchner ontem (25), durante ato na Casa Rosada. Ela contou uma história segundo a qual na década de 1950 a Casa da Moeda estamparia o rosto de Evita na nota de cinco pesos. Mas a chamada Revolução Libertadora, um golpe de direita contra o segundo governo de Juan Domingo Perón, fez com que a iniciativa fosse deixada de lado. 

Os atuais funcionários da Casa da Moeda tiveram de fazer um trabalho de recuperação do desenho, que ficou esquecido durante décadas. Para a presidenta, a nova nota conta a história “não de um dinheiro, mas da história dos argentinos”. “Sem tirar o mérito de ninguém, porque a história é complexa, mas depois de duzentos anos é a primeira vez que uma mulher aparece em uma nota”, ressaltou. “Se temos de honrar ao gênero, quem melhor que a figura de Eva Perón estampada na nota de cem pesos?”

Cristina, que é do Partido Justicialista, herdeiro político de Perón, aproveitou a ocasião para exaltar aspectos da personalidade de Evita, a quem homenageou em outras ocasiões, em uma delas com dois grandes painéis na avenida 9 de Julho, a principal de Buenos Aires. “Se alguém lê as coisas que ela dizia sobre o mundo, não era premonição, simplesmente análise política. Em Eva era a intuição de quem veio de baixo”, afirmou. “Por isso sofreu tanto, e por isso deu tanto, nada menos que sua vida.”

O substituído

Julio Argentino Roca, o General Roca, foi o ministro da Guerra responsável pela “conquista” do deserto argentino, uma campanha militar que resultou na morte de ao menos 1.300 indígenas e na prisão de outros doze mil. “A meu ver, o melhor sistema de concluir (sic) com os índios, seja extinguindo-os ou jogando-os ao outro lado do Rio Negro, é o da guerra ofensiva (…) É necessário ir buscar o índio diretamente em sua morada, para submetê-lo ou expulsá-lo”, afirmou certa vez sobre o trabalho desempenhado em 1879, que acabou por alçá-lo em seguida à presidência da República. 

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