Após cinco mortes, Humala pede mediação de bispo para resolver conflito mineiro

O presidente tenta reverter os efeitos negativos provocados pelas cinco mortes (Foto: Presidência do Peru) São Paulo – O presidente do Peru, Ollanta Humala, propôs que um bispo faça a […]

O presidente tenta reverter os efeitos negativos provocados pelas cinco mortes (Foto: Presidência do Peru)

São Paulo – O presidente do Peru, Ollanta Humala, propôs que um bispo faça a mediação dos problemas provocados pela instalação de um grande projeto da mineradora norte-americana Newmont na região de Cajamarca, no norte do país. Na primeira manifestação desde que cinco pessoas foram mortas e outras 30 ficaram feridas por conta da repressão a um protesto, Humala tentou amenizar as pressões internas e externas.

“Estamos buscando e não cessaremos de buscar os espaços de diálogo, e estamos por meio do ministro da Justiça propondo ao monsenhor (Miguel) Cabrejos que possa participar desse espaço de diálogo em Cajamarca, a fim de pôr panos quentes”, disse a uma emissora de televisão local. Cabrejos é ex-presidente da Conferência Episcopal peruana e já informou que aceita promover a mediação entre os manifestantes e as forças de segurança. 

Em entrevista coletiva concedida na sexta-feira (6), o presidente do Conselho de Ministros, Óscar Valdés, afirmou que o governo sempre esteve aberto a negociar. “Os peruanos precisamos nos entendermos, precisamos conversar, necessitamos dialogar, e, sobretudo, temos de ter presente que todas as atividades que desenvolvemos no país devem conduzir a ter um governo com desenvolvimento econômico sustentável e com inclusão social”. O governo de Humala, prestes a completar um ano, considera que o projeto da Newmont é importante do ponto de vista econômico.

Em nota, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos manifestou preocupação pelas mortes e cobrou que as cenas vistas nos últimos dias, com forte repressão policial, não voltem a se repetir. A entidade, integrante da Organização dos Estados Americanos (OEA), determinou que o Estado faço uso da força “exclusivamente com a finalidade de cumprir com sua obrigação de proteger as pessoas” e, ainda assim, apenas quando “estritamente necessária”. 

“A comissão recorda ao Estado sua obrigação de esclarecer judicialmente as mortes destas pessoas e os episódios de violência, sancionar os responsáveis e reparar as consequências. Além disso, a comissão reitera que é necessário adotar mecanismos para evitar o uso excessivo da força por parte dos agentes públicos em marchas e em manifestações de protesto”, diz o comunicado, que pede que as partes busquem o diálogo e acusa a detenção defensores de direitos humanos, o que representa uma violação não apenas de garantias individuais, mas contra o “papel fundamental que cumprem na sociedade, e criam situações de vulnerabilidade para todas as pessoas que se beneficiam de seus trabalhos”. 

Com informações da Reuters.