Países da Unasul enviam ministros a Assunção para respaldar Lugo

Rio de Janeiro – Os países da União de Nações Sul-americanas (Unasul) decidiram em reunião de emergência no Rio de Janeiro enviar uma comissão formada por ministros de relações exteriores […]

Rio de Janeiro – Os países da União de Nações Sul-americanas (Unasul) decidiram em reunião de emergência no Rio de Janeiro enviar uma comissão formada por ministros de relações exteriores para garantir a continuidade do governo constitucional de Fernando Lugo. A decisão foi comunicada pelo chanceler brasileiro, Antonio Patriota, em um breve comunicado lido à imprensa presente ao Riocentro, na Barra da Tijuca, para a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável.

A decisão foi tomada após o Congresso paraguaio aprovar, esta manhã, um pedido de impeachment contra Lugo após a morte de nove camponeses durante um conflito agrário na cidade de Curuguaty, a 250 quilômetros da capital. Os presidentes da Unasul, a maior parte ainda presentes à conferência da ONU, decidiram se reunir por iniciativa da Colômbia, que ocupa a presidência temporária da união.

Segundo Patriota, a missão foi aprovada com base no protocolo de constituição da Unasul, que prevê um compromisso regional com o cumprimento da democracia. “Os presidentes expressaram sua convicção de que se deve preservar a estabilidade e o pleno respeito à ordem democrática do Paraguai, observado o pleno cumprimento dos dispositivos constitucionais e assegurado o direito de defesa e o devido processo. Os presidentes consideram que os países da Unasul conquistaram com muito esforço a democracia e, nesse sentido, nós todos devemos ser defensores extremados da integridade democrática da América do Sul. Muito obrigado”, diz o comunicado lido pelo chanceler. Ele integra a missão que parte ainda nesta tarde para Assunção.

Esta não é a primeira vez que os ministros da Unasul se juntam para evitar instabilidade na região. Em outubro de 2010, os chanceleres viajaram a Quito, no Equador, para fortalecer a articulação contra uma insurreição de policiais contra o presidente Rafael Correa. Em 2008, os países se somaram para evitar que o movimento opositor a Evo Morales pudesse levar adiante iniciativas contrárias ao governo constitucional.

Em Assunção, o presidente do Paraguai realizou um pronunciamento oficial no qual indicou que o motivo da medida aprovada pelo Congresso é o incômodo que ele provoca nos poderosos. “A vontade do povo expressa nas urnas em 20 de abril de 2008 está sendo objeto de ataque de setores que sempre se opuseram a que o povo pudesse participar como protagonista da democracia…Nossas conquistas, principalmente no âmbito social, provocaram uma reação dos setores egoístas e insensíveis, que sempre viveram do privilégio e jamais quiseram compartilhar os benefícios da propriedade com o povo…a oposição aos planos de assistência social, aos avanços da saúde pública, ao imposto de renda pessoal, entre outras ferramentas de promoção social são mostras contundentes neste contexto…dei tudo de mim, todo meu empenho para que paraguaios vivam em um país melhor, e não existe nenhuma causa nem jurídica nem política que me faça renunciar ao meu juramento”, afirmou.

No Rio de Janeiro, o presidente da Bolívia, Evo Morales, cancelou a entrevista coletiva que daria para comentar o processo da Rio+20. Mais cedo, ele aproveitou o discurso em plenário para repudiar a postura do Congresso paraguaio. “Este golpe de Estado que se gesta no Paraguai contra um presidente democraticamente eleito e apoiado pela maioria da população é um atentado contra a consciência dos povos e contra os governos que hoje impulsionam transformações em seus países de maneira pacífica.”

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