Marco Maia defende sanções apenas políticas ao Paraguai

Presidente da Câmara alerta para necessidade de poupar população de prejuízos, enquanto OEA adianta que tentará saída dialogada para a crise institucional no país

Sede do governo do Paraguai, em Assunção, em crise desde o processo que destituiu o presidente eleito, Fernando Lugo (Marcello Casal Jr/ABr)

Brasília – O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), defendeu nesta terça-feira (26) que os países integrantes do Mercosul e da Unasul adotem apenas sanções de caráter político ao Paraguai em virtude da destituição do ex-presidente Fernando Lugo. Para o petista, eventuais restrições de ordem econômica atingiriam “frontalmente” a população paraguaia.

“Acho equilibrada a opinião do governo brasileiro no sentido de que o que aconteceu no Paraguai no mundo da política não possa trazer prejuízos à população do país”, argumentou o presidente da Câmara.

Marco Maia ainda classificou o impeachment de Fernando Lugo de golpe e criticou a Constituição do Paraguai por permitir que o processo de destituição de um presidente se dê da forma como foi feita – Lugo sofreu processo de impeachment, acusado de má gestão, e foi destituído em menos de 24 horas. Ele deixou o governo na sexta-feira (22). O vice-presidente, Federico Franco, assumiu o poder.

“Se o presidente Lugo tinha um comportamento mais próximo dos movimentos sociais, dos trabalhadores mais pobres do país, isso não pode e não deve, de forma alguma, ser motivo de condenação ou impeachment. Há o argumento de que tudo ocorreu dentro da lei, mas se a Constituição do Paraguai pressupõe a possibilidade de impeachment em apenas 24h, o Parlamento já deveria ter mudado a lei”, frisou o petista.

Para Maia, é preciso evitar situação como a ocorrida no país vizinho. “O nosso sentimento, neste momento, é de indignação, ao mesmo tempo de perplexidade, e não nos resta outro caminhão se não cobrar que sejam adotadas medidas para que no futuro ações como essas não venham a se repetir”, acrescentou Maia.

OEA

Também nesta terça-feira, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, reafirmou que a entidade só atua para resolver conflitos por meio do diálogo com as partes. Ele recordou que durante o golpe que depôs o ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya, a OEA não interveio no processo.

Insulza afirmou que o que ocorre no Paraguai é uma crise constitucional devido ao impeachment de Fernando Lugo, mas disse acreditar que não houve um golpe de estado como denunciam o ex-presidente e grande parte da comunidade internacional.

“Não quero dar qualificações, o ex-presidente Lugo não falou em golpe constitucional. Houve uma decisão do Congresso paraguaio com a maioria necessária, mas não se deu a ele a possibilidade de se defender”, explicou.

O secretário-geral disse que o papel da OEA não será o de anular o impeachment. “Não vamos arbitrar o problema. Não vamos ser um tribunal que diga quem tem a razão. O que nós podemos fazer é buscar uma saída construtiva”, destacou.

Desde esta terça e até amanhã (27), a organização irá se reunir para tratar da crise no Paraguai, uma reunião extraordinária do Conselho Permanente foi convocada para debater o tema.

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