G20 concorda: austeridade não basta para combater a crise

Dilma Rousseff disse ao G20 que é preciso aliar consolidação fiscal com crescimento para sair da crise (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República) São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff encerrou […]

Dilma Rousseff disse ao G20 que é preciso aliar consolidação fiscal com crescimento para sair da crise (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff encerrou hoje (19) sua participação na Cúpula do G20 em Los Cabos, no México, dizendo que as políticas de ajuste fiscal não são suficientes para enfrentar a crise internacional. Foi uma crítica direta aos pacotes anticrise colocados em prática na Europa por recomendação do Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Banco Mundial – a famigerada troika.

“Existe um consenso de que não se alcança crescimento só com políticas de austeridade”, espetou. “É preciso estímulo fiscal ao investimento.” De acordo com a presidenta, os países do G20 sabem que é importante aliar consolidação fiscal e crescimento. Dilma destacou que há um clima de preocupação e cooperação entre as nações desenvolvidas e emergentes em relação à crise que golpeia a Europa.

O choque de posturas na Europa entre Alemanha e França foi um dos temas centrais dos debates do G20 em Los Cabos. Enquanto a chanceler alemã, Angela Merkel, prevê políticas de austeridade e corte de gastos públicos como antídoto para a crise, o presidente francês, François Hollande, é partidário de uma certa expansão do gasto público como forma de impulsionar o crescimento. Uma receita semelhante à que vem sendo praticada na América Latina, inclusive no Brasil.

No documento final da Cúpula, obtido pela agência AFP, o G20 se compromete a adotar as medidas necessárias para reforçar o crescimento mundial e restaurar a confiança nos mercados. “Se a situação econômica se deteriorar ainda mais, os países que dispõem de uma margem de manobra fiscal suficiente estão dispostos a coordenar e aplicar as medidas orçamentárias necessárias para apoiar a demanda interior”, diz o comunicado. “Atuaremos conjuntamente para reforçar a recuperação e responder às tensões nos mercados financeiros.”

Em Los Cabos, Dilma Rousseff manteve reuniões paralelas com chefes de Estado e governo dos BRICS, grupo de países representados pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Também se encontrou isoladamente com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, que agradeceu à presidenta pelo clima de segurança jurídica do qual desfrutam os investimentos estrangeiros no Brasil.

Junto com os BRICS, Dilma exigiu que o Fundo Monetário Internacional (FMI) passe por reformas para que possa receber mais recursos dos países emergentes. Mesmo assim, o governo brasileiro se comprometeu a destinar dez bilhões de dólares para a instituição. “Saúdo este compromisso com o multilateralismo que resulta em promessas de US$ 456 bilhões, o que quase duplica nossa capacidade de empréstimo”, comemorou Cristine Lagarde, presidente do FMI. “Estes recursos estarão disponíveis para prevenção e solução de crises.”

Enquanto os países mais ricos do mundo debatiam o futuro da economia mundial, organizações não governamentais exigiram que os líderes do G20 – grupo que concentra 80% do PIB planetário – se comprometam a lutar contra a desigualdade, a crise alimentária e a mudança climática. Também pediram mais transparência na prestação das contas públicas.

Com informações de agências internacionais

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