ONU diz para presidente sírio parar ‘de matar seu próprio povo’

Ban Ki-moon diz em discurso que 'era da regra de um homem só' está se desintegrando e lembrou a chamada Primavera Árabe para dizer que as mudanças são inevitáveis

Violência entre cidadãos que querem o fim da ditadura e forças de segurança já deixaram milhares de mortos na Síria(Foto: Reuters TV)

São Paulo – O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, reforçou o pedido ao presidente da Síria, Bashar al-) Assad, pelo fim da violência contra os cidadãos que protestam por democracia no país. O dirigente da ONU também afirmou que a era da regra de um homem só e a perpetuação de dinastias está se desintegrando.

“Digo novamente ao presidente Assad, da Síria: Pare com a violência. Pare de matar seu próprio povo. O caminho da repressão é um beco sem saída”, declarou Ban, em discurso na Reunião de Alto Nível sobre Reforma e Transições para Democracia, em Beirute, Líbano.

Os protestos contra Assad começaram em março do ano passado, inspirados por uma onda de manifestações populares contra governantes autocráticos que varreu o mundo árabe.

“Os ventos da mudança não vão parar de soprar. A chama acesa na Tunísia não será esmaecida”, afirmou, referindo-se ao levante popular que um ano atrás derrubou o Zine El Abidine Ben Ali após 23 anos no poder. Manifestações em outros países do norte da África e no Oriente Médio emergiram a seguir, pondo fim a regimes autoritários no Egito e Iêmen, além de ter servido de argumento para uma intervenção militar internacional na Líbia.

“Nenhuma dessas transformações começaram com um pedido de mudança”, destacou Ban. “Em primeiro lugar, as pessoas querem dignidade. Querem o fim da corrupção. Querem opinar sobre o próprio futuro. Querem trabalho e justiça, uma divisão justa do poder político. Quem os direitos humanos deles.”

“A forma antiga, a velha ordem, está se desintegrando – a regra de um homem só e a perpetuação de dinastias, monopólios de riqueza e poder, o silenciamento da mídia, a privação das liberdades fundamentais”, acrescentou.

Nesta segunda-feira Ban Ki-moon disse esperar que o Conselho de Segurança aja em conjunto para resolver a crise na Síria, e apelou à atual missão de observadores da Liga Árabe em Damasco (capital síria) a continuar seu trabalho.

Sem limites

A violenta resposta do presidente Bashar al-Assad ao levante contra seu governo já matou mais de 5 mil pessoas, segundo estimativas da ONU. As autoridades sírias alegam que  2 mil membros das forças de segurança foram mortos.

“Espero que o Conselho de Segurança da ONU lide com a Síria de uma maneira coerente e com um senso de gravidade”, disse Ban Ki-moon em visita a Abu Dhabi – capital dos Emirados Árabes Unidos. Ele defende que o conselho fale com “uma só voz” na Síria.

Os ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe devem se reunir ainda neste mês para discutir o futuro de uma missão de monitoramento enviada em dezembro para checar se a Síria está respeitando o plano de paz árabe. Ban repetiu em Abu Dhabi seu pedido para Assad “parar a matança e escutar seu povo”.

Com informações da Rádio ONU e da Reuters

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