México admite preocupação com cartéis de drogas na campanha presidencial
Suspeita é de que a agência de inteligência norte-americana aja no país durante o processo eleitoral; ministro nega
Publicado 20/01/2012 - 12h55
Para evitar riscos e ameaças, o governo Calderón firmou um acordo com o Instituto Federal Eleitoral para ampliar o sistema de segurança nas eleições (Foto: Monika Flueckiger/ World Economic Forum Annual)
São Paulo – Com eleições presidenciais marcadas para 1º de julho deste ano, o México ainda corre risco de ver cartéis de drogas interferindo na campanha pelos votos da população. O presidente do país, Felipe Calderón, admitiu que há preocupação pela intervenção do narcotráfico no processo eleitoral. O ministro do Interior do México, Alejandro Poire, acrescentou, que foi negociado um acordo com autoridades eleitorais para enfrentar possíveis ameaças, mas negou que haja uma “gestão política” no combate ao crime organizado.
Poire se mostrou relutante, quando questionado por jornalistas a respeito da forma com que o governo mexicano estabelece a “cooperação” com a agência de inteligência norte-americana (CIA, na sigla em inglês) no combate ao narcotráfico. O ministro do Interior apenas limitou-se a dizer que o tema eleitoral está fora das informações que os dois países compartilham.
“Só queremos estabelecer um ranking dos mais procurados pela polícia, e aqui estão os 15 dos 37 criminosos mais procurados”, afirmou, segundo o jornal mexicano La Jornada.
Sobre a possibilidade de narcotraficantes escalarem “candidatos-fantoches” para a disputa de cargos eletivos, conforme informações que circulam na mídia dos Estados Unidos, Poire disse que, antes de acreditar no que dizem os meios de comunicação, é necessário buscar mecanismos de modo que todos os candidatos sejam “certificados com transparência”.
O governo Calderón firmou um acordo com o Instituto Federal Eleitoral para ampliar o sistema de segurança na tentativa de prevenir riscos e ameaças.
Para o Partido Revolucionário Institucional (PRI), que lidera as pesquisas para a eleição presidencial, é fundamental ainda exigir antecedentes criminais e informações sobre investigações dos suspeitos. Por enquanto, o PRI foi o único partido que emitiu uma proposta específica, que planeja criar um comitê interno para acompanhar o assunto.
Calderón é filiado ao Partido da Ação Nacional (PAN) e não pode disputar reeleição. A legenda ainda não definiu nome para a sucessão. As forças de esquerda prometem manter uma aliança para bancar a candidatura de Manuel López Obrador, derrotado pelo atual presidente, Felipe Calderón, em 2006,
A eleição desde ano será a primeira desde que o país começou a enfrentar uma crise na segurança pública. Em 2007, quando o governo Calderón declarou guerra ao crime organizado, 50 mil já foram vítimas de crimes envolvendo o tráfico de drogas, segundo movimentos de defesa de direitos humanos. O poder e a ação dos cartéis permanecem contínups e ameaçam a segurança do país, principalmente em áreas de fronteira com os Estados Unidos.
- Brasil tem 14 das 50 cidades mais violentas do mundo
- México: Calderón rechaça no Tribunal Penal Internacional acusações de violência
- Na ‘guerra’ contra narcotráfico, taxa de homicídios no México aumenta mais de 260% entre 2007 e 2010
- O povo perde a paciência – No campo e nas cidades, os mexicanos se organizam para enfrentar a deterioração social trazida pela “guerra ao narco”, de Calderón e Obama
- Forças especiais dos EUA atuaram em 18 países latinoamericanos em 2009
- Protesto em São Paulo lembra morte de 65 mineiros no México
- Esquerda mexicana define aliança por candidatura de López Obrador