Cristina Kirchner divulga exames na internet para desmentir uso político de câncer

Clarín, principal grupo midiático da Argentina, insinuou que presidenta sabia desde o começo que não sofria da doença para ganhar apoio político

Médicos de Cristina Kirchner, em imagem de dezembro, antes da licença médica, informam que diagnósticos “falso positivo” para câncer respondem por 2% dos casos (Foto: Divulgação)

São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, divulgou na página institucional do país os exames que comprovam o diagnóstico inicial de câncer na glândula tireóide, desmentindo um dos diários de maior circulação no país, o Clarín. O jornal acusou-a, no domingo (8), de haver má-fé na notícia de que Cristina tinha um tumor a partir da notícia da véspera de que o prognóstico foi alterado a partir de exames feitos após a cirurgia. A análise do carcinoma retirado mostra que o problema foi mais simples, já resolvido com a intervenção médica. 

Em comunicado de imprensa, os médicos da Unidade Presidencial afirmaram que, “diante das mal-intencionadas publicações” do Clarín, via-se na obrigação de divulgar o diagnóstico feito após exame no Centro Maipú, em 22 de dezembro, na capital federal. A cópia do resultado mostra que uma das possibilidades era o carcinoma papilar de células foliculares, notícia divulgada seis dias depois pela equipe presidencial.

“O diagnóstico do centro mencionado foi assinado por dois médicos especialistas. O informe não coloca em dúvida o profissionalismo dos especialistas, já que estes resultados estão contemplados dentro do 2% de estatísticas sob a denominação ‘falso positivo’ e que somente se pode verificar uma vez realizada a intervenção cirúrgica e extraído o órgão afetado”, diz o comunicado, assinado pelos médicos Luis Buonomo e Marcelo Ballesteros, que aponta que, “afortunadamente”, o caso da presidenta se insere nestes 2%.

O grupo Clarín rompeu relações com os Kirchner entre 2008 e 2009, durante a principal crise do primeiro mandato de Cristina, surgida em torno da cobrança de uma retenção maior dos impostos pagos pelos exportadores de produtos agrícolas. Desde então, o conglomerado de mídia, que reúne jornais, revistas, emissoras de rádio e de TV, operadoras de TV a cabo e de internet, passou a atuar contra o kirchnerismo.

A falta de possibilidade de mostrar diferentes pontos de vista sobre aquela crise catalisou a apresentação de um projeto para uma nova regulação da comunicação na Argentina, que desconcentrasse poderes e abrisse espaço para a existência de novos discursos. A Lei de Meios, aprovada e sancionada em 2009, prevê que o Clarín tenha de abrir mão de parte de suas concessões, mas sua aplicação se encontra congelada por decisões judiciais.

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