Cristina Kirchner divulga exames na internet para desmentir uso político de câncer
Clarín, principal grupo midiático da Argentina, insinuou que presidenta sabia desde o começo que não sofria da doença para ganhar apoio político
Publicado 09/01/2012 - 15h06
Médicos de Cristina Kirchner, em imagem de dezembro, antes da licença médica, informam que diagnósticos “falso positivo” para câncer respondem por 2% dos casos (Foto: Divulgação)
São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, divulgou na página institucional do país os exames que comprovam o diagnóstico inicial de câncer na glândula tireóide, desmentindo um dos diários de maior circulação no país, o Clarín. O jornal acusou-a, no domingo (8), de haver má-fé na notícia de que Cristina tinha um tumor a partir da notícia da véspera de que o prognóstico foi alterado a partir de exames feitos após a cirurgia. A análise do carcinoma retirado mostra que o problema foi mais simples, já resolvido com a intervenção médica.
Em comunicado de imprensa, os médicos da Unidade Presidencial afirmaram que, “diante das mal-intencionadas publicações” do Clarín, via-se na obrigação de divulgar o diagnóstico feito após exame no Centro Maipú, em 22 de dezembro, na capital federal. A cópia do resultado mostra que uma das possibilidades era o carcinoma papilar de células foliculares, notícia divulgada seis dias depois pela equipe presidencial.
“O diagnóstico do centro mencionado foi assinado por dois médicos especialistas. O informe não coloca em dúvida o profissionalismo dos especialistas, já que estes resultados estão contemplados dentro do 2% de estatísticas sob a denominação ‘falso positivo’ e que somente se pode verificar uma vez realizada a intervenção cirúrgica e extraído o órgão afetado”, diz o comunicado, assinado pelos médicos Luis Buonomo e Marcelo Ballesteros, que aponta que, “afortunadamente”, o caso da presidenta se insere nestes 2%.
O grupo Clarín rompeu relações com os Kirchner entre 2008 e 2009, durante a principal crise do primeiro mandato de Cristina, surgida em torno da cobrança de uma retenção maior dos impostos pagos pelos exportadores de produtos agrícolas. Desde então, o conglomerado de mídia, que reúne jornais, revistas, emissoras de rádio e de TV, operadoras de TV a cabo e de internet, passou a atuar contra o kirchnerismo.
A falta de possibilidade de mostrar diferentes pontos de vista sobre aquela crise catalisou a apresentação de um projeto para uma nova regulação da comunicação na Argentina, que desconcentrasse poderes e abrisse espaço para a existência de novos discursos. A Lei de Meios, aprovada e sancionada em 2009, prevê que o Clarín tenha de abrir mão de parte de suas concessões, mas sua aplicação se encontra congelada por decisões judiciais.
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