Acidente nuclear no Japão foi agravado por despreparo de empresa operadora da usina

Segundo relatório preliminar de comitê designado a investigar o caso, falta de técnicos capacitados ainda atrapalhou avaliação correta do estrago

São Paulo – O acidente na usina nuclear de Fukushima, no Japão, em março deste ano, foi agravado pela falta de preparo e demora na comunicação a autoridades por parte da empresa que operava a planta. A conclusão, que faz parte de relatório preliminar do Comitê para o Acidente na Usina Nuclear de Fukushima da Tokyo Electric Power, organismo governamental criado unicamente para o caso, foi divulgada nesta segunda-feira (26). Além da Tepco, a agência reguladora do setor também é alvo de críticas no relatório.

Faltaram ainda técnicos preparados para avaliar adequadamente os estragos, segundo o relatório. Ainda de acordo com os técnicos, a empresa cometeu erros ao analisar os danos. O comitê possui 12 integrantes, entre sismologistas, ex-diplomatas e juízes, e é coordenada por Yotaro Hatamura, professor de engenharia especializado na análise de falhas operacionais em diferentes setores. O laudo definitivo tem previsão de ser terminado em meados de 2012.

A usina foi atingida por um maremoto provocado por um intenso tremor de terras no dia 11 de março. A onda de 15 metros de altura destruiu os sistemas de refrigeração, necessários para evitar a fusão (derretimento) do material nuclear. Foi a maior tragédia nuclear desde as explosões de Chernobyl, na Ucrânia, em abril de 1986.

Dois testes anteriores à tragédia – um realizado há três anos e outro dois meses antes do episódio – promovidos pela Tepco chegaram a simular os efeitos de um tsunami como o que ocorreu. Embora tenham verificado a possibilidade de estrago, não foram tomadas medidas preventivas por considerar que uma onda desse tamanho seria muito improvável.

“O órgão regulador nuclear do governo não solicitou à Tepco que tomasse medidas específicas, como uma construção adicional, depois de ter recebido os resultados de uma simulação da Tepco em 2008 e no começo de 2011 a respeito do impacto dos tsunamis sobre suas instalações”, informa relatório preliminar da comissão.

O centro de gerenciamento de crises do governo japonês teria omitido informações sobre a gravidade da situação a escalões superiores. Por causa disso, segundo a comissão, medidas para dispersar a radioatividade demoraram mais para serem acionadas.

No dia 16 de dezembro, o governo anunciou que o trabalho de descontaminação havia conseguido avançar a ponto de permitir o estado de desligamento a frio. A etapa era considerada pré-requisito para o retorno dos 80 mil moradores retirados de casas a um raio de 20 quilômetros da usina. Pesquisas divulgadas na semana seguinte indicam que 78% dos japoneses desconfiam da decisão, temendo precipitação na análise.

Com informações da Reuters

Leia também

Últimas notícias