Grécia vive ‘encruzilhada’ e precisa de união, diz futuro primeiro-ministro
Ex-vice-presidente do Banco Central Europeu assume cargo depois da saída de George Papandreou. Ideia de referendo fica definitivamente enterrada
Publicado 10/11/2011 - 10h51
Papademos deve priorizar aprovação de pacote de ajuda da zona do euro (Foto: Divulgação Ministério de Finanças grego)
São Paulo – O ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Lucas Papademos, foi escolhido como futuro primeiro-ministro da Grécia. Ele pediu união à população do país que, em sua visão, passa por uma “encruzilhada crucial”. A decisão de indicá-lo deixa claro que o esforço do novo governo será o de adequar as políticas às exigências da União Europeia para garantir um pacote de ajuda financeira.
A esperança dos líderes conservadores gregos é de que, com isso, se impeça um colapso no pagamento de compromissos financeiros assumidos. O Banco Central Europeu abriga lideranças partidárias de políticas econômicas ortodoxas, o que significa mais peso para ajuste fiscal e contenção de despesas do setor público e menos presença do Estado na economia e desregulamentação de direitos sociais e trabalhistas.
“A economia grega está enfrentando enormes problemas apesar dos esforços realizados”, disse em sua primeira declaração pública depois de ser nomeado. “As escolhas que nós faremos serão decisivas para o povo grego. O caminho não será fácil, mas eu estou convencido de que os problemas serão resolvidos mais rápido e a um custo menor se houver união, compreensão e prudência”, prometeu. Papademos pediu apoio maior para a coalizão para garantir a aprovação do pacote de ajuda.
Aos 64 anos, ele assumirá o posto de George Papandreou. A permanência do líder socialista ficou insustentável depois de os termos do pacote de ajuda terem sido definidos, no fim de outubro. Pelo acertado com a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a Grécia receberá o perdão de 50% de sua dívida pública com bancos e receberá 8 bilhões de euros.
O então premier Papandreou anunciou que as medidas teriam de ser aprovadas em um referendo no país. A medida provocou forte reação externa e de agentes econômicos. O pacote prevê ações impopulares, por provocarem recessão e aumento do desemprego – com corte de investimentos públicas e redução de direitos sociais – e seriam provavelmente rejeitados pela população. Por causa da pressão, a consulta foi suspensa pelo próprio líder.
Se as contrapartidas não forem aprovadas, o governo grego não terá recursos para honrar compromissos internos, como o pagamento de servidores públicos. Esta quinta foi o quarto dia concecutivo de reuniões entre líderes de partidos majoritários para tentar chegar a um acordo sobre o indicado para o posto de primeiro-ministro.
Segundo a agência Reuters, além de colocar a aprovação do pacote como prioridade, Papademos demandou uma duração mais flexível para seu mandato, além de participação maior de partidos conservadores, atualmente na oposição.
A reunião que sacramentou a indicação contou com a presença do presidente do país, Carolos Papoulias, e líderes da oposição – Antonis Samaras, da Nova Democracia (ND), de direita, e Giorgos Karatzaferis, do partido de extrema direita LAOS. Papademos e Papandreou, futuro e atual primeiros-ministros, também participaram.
Com informações da Reuters