Grécia vive ‘encruzilhada’ e precisa de união, diz futuro primeiro-ministro

Ex-vice-presidente do Banco Central Europeu assume cargo depois da saída de George Papandreou. Ideia de referendo fica definitivamente enterrada

Papademos deve priorizar aprovação de pacote de ajuda da zona do euro (Foto: Divulgação Ministério de Finanças grego)

São Paulo – O ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Lucas Papademos, foi escolhido como futuro primeiro-ministro da Grécia. Ele pediu união à população do país que, em sua visão, passa por uma “encruzilhada crucial”. A decisão de indicá-lo deixa claro que o esforço do novo governo será o de adequar as políticas às exigências da União Europeia para garantir um pacote de ajuda financeira.

A esperança dos líderes conservadores gregos é de que, com isso, se impeça um colapso no pagamento de compromissos financeiros assumidos. O Banco Central Europeu abriga lideranças partidárias de políticas econômicas ortodoxas, o que significa mais peso para ajuste fiscal e contenção de despesas do setor público e menos presença do Estado na economia e desregulamentação de direitos sociais e trabalhistas.

“A economia grega está enfrentando enormes problemas apesar dos esforços realizados”, disse em sua primeira declaração pública depois de ser nomeado. “As escolhas que nós faremos serão decisivas para o povo grego. O caminho não será fácil, mas eu estou convencido de que os problemas serão resolvidos mais rápido e a um custo menor se houver união, compreensão e prudência”, prometeu. Papademos pediu apoio maior para a coalizão para garantir a aprovação do pacote de ajuda.

Aos 64 anos, ele assumirá o posto de George Papandreou. A permanência do líder socialista ficou insustentável depois de os termos do pacote de ajuda terem sido definidos, no fim de outubro. Pelo acertado com a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a Grécia receberá o perdão de 50% de sua dívida pública com bancos e receberá 8 bilhões de euros.

O então premier Papandreou anunciou que as medidas teriam de ser aprovadas em um referendo no país. A medida provocou forte reação externa e de agentes econômicos. O pacote prevê ações impopulares, por provocarem recessão e aumento do desemprego – com corte de investimentos públicas e redução de direitos sociais – e seriam provavelmente rejeitados pela população. Por causa da pressão, a consulta foi suspensa pelo próprio líder.

Se as contrapartidas não forem aprovadas, o governo grego não terá recursos para honrar compromissos internos, como o pagamento de servidores públicos. Esta quinta foi o quarto dia concecutivo de reuniões entre líderes de partidos majoritários para tentar chegar a um acordo sobre o indicado para o posto de primeiro-ministro.

Segundo a agência Reuters, além de colocar a aprovação do pacote como prioridade, Papademos demandou uma duração mais flexível para seu mandato, além de participação maior de partidos conservadores, atualmente na oposição.

A reunião que sacramentou a indicação contou com a presença do presidente do país, Carolos Papoulias, e líderes da oposição – Antonis Samaras, da Nova Democracia (ND), de direita, e Giorgos Karatzaferis, do partido de extrema direita LAOS. Papademos e Papandreou, futuro e atual primeiros-ministros, também participaram.

Com informações da Reuters

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