Estudo mostra aumento de bolsões de pobreza nos EUA
Com perda de renda, há um número maior de brancos morando em bairros pobres, mas negros são maioria. Cenário é resultado da recessão pela qual passa o país norte-americano
Publicado 03/11/2011 - 10h01
São Paulo – Um estudo não governamental divulgado nesta quinta-feira (3) nos Estados Unidos indica que a crise econômica pela qual o país passa desde 2008 aumenta a concentração de pessoas nos bolsões de pobreza em cidades espalhadas pelo do Meio-Oeste e Sul do território. Negros e latinos são maioria, mas há crescimento do número de brancos que perderam renda nos últimos anos, aponta pesquisa da Brookings Institution, órgão de educação e pesquisa.
Levantamentos anteriores, promovidos pelo governo, admitiam o crescimento da pobreza em 2010 em função da recessão. A diferença é que o estudo levou em conta a forma como essa população tem se distribuído dentro das cidades. Bairros de pobreza extrema – para os padrões dos Estados Unidos – aumentaram em um terço nos últimos dez anos.
A Brookings sustenta que 40% dos pobres habitam áreas externas às grandes cidades, em regiões periféricas. Isso indica, segundo a análise, que a pobreza estende-se aos subúrbios, anteriormente considerados redutos da classe média nos EUA.
Embora os negros sejam o grupo mais expressivo nos bairros que concentram a pobreza extrema, cresce a presença de brancos. Com isso, o percentual de latinos encontrados nessas áreas diminuiu nos últimos anos.
Esses bairros são locais onde 40% da população vivem com menos de US$ 22,1 mil anuais por família de quatro pessoas – US$ 15,14 por dia por pessoa. No Brasil, por exemplo, o governo federal trabalha com a renda per capita de R$ 70 mensais como linha de extrema pobreza – cerca de US$ 1,33 por dia. O Banco Mundial trabalha com US$ 1 por dia desde a década de 1990.
“Ao invés de se distribuírem de maneira uniforme, os pobres tendem a se agrupar e concentrar em certos bairros ou grupos de bairros dentro de uma comunidade”, analisa o estudo. “Bairros muito pobres enfrentam todo um conjunto de desafios que advêm da desvantagem concentrada – de taxas de criminalidade mais elevadas e piores resultados na saúde a oportunidades educacionais mais reduzidas e redes de empregos mais fracas.”
As maiores concentrações de pobreza ocorreram no Meio-Oeste, embora os maiores crescimentos desses bolsões tenham ocorrido em cidades do Texas (no Sul). Em domicílios com renda equivalente a metade do limite oficial de pobreza, havia 6,5 milhões de crianças.
O estudo toma como base dados do Censo de 2000, comparados a pesquisas domiciliares por amostragem realizadas de 2005 a 2009. O levantamento deixa claro que o aumento da pobreza e da concentração populacional em bairros foram causadas pela recessão.
Com informações da Reuters