Esquerda mexicana define aliança por candidatura de López Obrador

Eleição marcada para julho de 2012 será a primeira depois da crise de segurança pública pela qual passa o país

Na eleição anterior, há cinco anos atrás, Obrador perdeu para Felipe Calderón por menos de um ponto percentual (Foto: Divulgação/ Flick/ Mexicanos Sin Fronteras)

São Paulo – Três partidos de esquerda no México anunciaram uma aliança para a eleição presidencial de junho de 2012. O indicado para disputar o cargo será Andrés Manuel López Obrador, derrotado pelo atual presidente, Felipe Calderón, em 2006, durante um pleito marcado por polêmicas e denúncias de fraude. O Partido da Revolução Democrática (PRD), Partido do Trabalho (PT) e Movimento Cidadão decidiram por nova tentativa de Obrador em função do resultado de pesquisas de opinião com 6 mil entrevistados realizadas no país.

Membro do PRD, Obrador terá apoio do chefe de governo do Distrito Federal, Marcelo Ebrard Casaubon, também pré-candidato. “Dividida, a esquerda só irá ao precipício. E eu jamais faria algo para levar o México ao fracasso”, disse Ebrard ao jornal El Universal.

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O maior adversário da aliança de esquerda será o candidato de uma coalizão de centro-direita, formada pelo Partido da Ação Nacional (PAN) e pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI). Juntas, essas legendas possuem maioria na Câmara de Deputados.

Há cinco anos, a diferença de votos em favor de Calderón foi de um ponto percentual. Os sufrágios chegaram a ser recontados em diversos colégios e a margem estreita foi mantida. Apesar dos questionamentos e acusações de fraude, o resultado foi confirmado pela Justiça Eleitoral mexicana.

A eleição de 2012 será a primeira após a ampliação da crise de segurança pública que aflige o país norte-americano. O poder do narcotráfico no México ficou em maior evidência a partir de 2007, quando o governo Calderón colocou militares nas ruas para combater o crime organizado. Desde então, foram 50 mil vítimas de crimes envolvendo o tráfico de drogas, segundo movimentos de defesa de direitos humanos. A decisão ampliou a escalada de violência. Estimativas do governo dos Estados Unidos indicam que até dois terços da cocaína que chega ao país passa pelo México, movimentando US$ 20 bilhões por ano.

Depois de ameaçar – e executar – jornalistas que denunciavam a atuação de narcotraficantes, internautas em redes sociais passaram a ser alvos neste ano. Tiroteios e disputas entre os cinco principais cartéis presentes no país são divulgados na internet, especialmente na região próxima à fronteira com os EUA.