Carlos, o Chacal, passa por julgamento por atentados dos anos 1980

São Paulo – Carlos, o Chacal, passa por julgamento em Paris, capital da França. Segundo relato da agência Reuters, em vez de boina, casaco de couro e óculos escuros que […]

São Paulo – Carlos, o Chacal, passa por julgamento em Paris, capital da França. Segundo relato da agência Reuters, em vez de boina, casaco de couro e óculos escuros que marcaram as aparições o venezuelano nos anos 1980, ele apareceu com cabelos grisalhos e barriga protuberante. Aos 62 anos, preso desde 1994, ele enfrenta julgamento por quatro atentados a bomba no começo na década de 1980 na França.

Nascido Ilich Ramírez Sánchez, o Chacal ganhou notoriedade internacional – como criminoso procurado – depois de sequestrar ministros de nações que integram a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) em nome da causa palestina, em 1975.

Ele foi deportado do Sudão para a França em 1994 e condenado à prisão perpétua três anos depois. Chacal, agora Ramírez Sánchez, cumpre a pena em uma prisão francesa. Os eventos que o levam novamente ao banco dos réus culminaram na morte de 11 pessoas e em 200 feridos. Se for condenado, pode receber sentença de uma nova prisão perpétua, e teria de cumprir pelo menos 22 anos.

“Estou realmente num espírito combativo”, disse Ramírez a uma rádio no mês passado. “Não sou temeroso por natureza (…). Meu caráter é adequado a esse tipo de combate.” Além de se autodeclarar revolucionário e povoar o imaginário seja como ícone anti-imperialista, seja como criminoso internacional, Chacal ficou conhecido por se envolver com muitas mulheres e participar de festas com muita bebida.

“Ele foi um símbolo do terrorismo internacional de esquerda”, disse François-Bernard Huyghe, pesquisador sobre o tema do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas, em Paris. “Um dia ele podia estar a serviço da causa palestina, no dia seguinte podia ter colocado bombas em trens franceses. Era uma espécie de astro.”

A principal versão para explicar o apelido envolve um equívoco de um jornalista, que teria visto um exemplar do romance “O Dia do Chacal”, de Frederick Forsyth, no apartamento dele. A associação indevida atribuiu-lhe o nome, incorporado ao imaginário que o cercava.

O autor de sua biografia, John Follain, chegou a qualificar Carlos, o Chacal, como o “Osama bin Laden da sua época”. Apesar dessa importância na década de 1980, analistas consideram que a forma de agir seriam atualmente antiquadas.

A prisão de Chacal também é cercada de incertezas. Ele teria sido transferido para a França sob o efeito de sedativos, aplicados no momento em que ele havia se internado em um hospital no Sudão para uma cirurgia. Os motivos da deportação deram margem para especulações e teorias de conspiração.

O elo entre os atentados de 1982 e 1983 em vagões, estações de trem e em estacionamentos com Chacal, segundo as investigações, incluem impressões digitais em uma carta com ameaças ao ministro do Interior francês. Os promotores sustentam que o documento pedia a libertação de dois integrantes do grupo presos no país.

A defesa alega que a carta sequer existe e que o julgamento é uma farsa. O advogado Francis Vuillemin admite que “ele não é um anjo”, que se apresenta como “oficial de forças especiais e um líder político revolucionário”, mas rechaça as acusações. Há duas semanas, Ramírez Sánchez foi levado a uma cela isolada, o que motivou uma greve de fome, suspensa há uma semana.

Com informações da Reuters

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