OIT: jovens podem ser os mais afetados por falta de trabalho

Organização alerta para o possível surgimento de geração 'traumatizada' por crise mundial de emprego

São Paulo – A Organização Internacional do Trabalho (OIT) adverte sobre a possibilidade de surgir no mundo uma geração de jovens trabalhadores frustrados por uma mistura de desemprego, inatividade e trabalho precário. Esta é a conclusão do relatório “Atualizações das Tendências Mundiais do Emprego Juvenil 2011”, divulgado na quarta-feira (19), na sede da entidade, em Genebra (Suíça).

O estudo aponta um total de 75,1 milhões de jovens desempregados em 2010. Isso representa uma taxa mundial de desemprego juvenil de 12,7%. Para 2011, a previsão é de uma queda de 0,1% na taxa, chegando à marca de 74,6 milhões.

Mas essa leve queda nas expectativas em 2011 é atribuída à saída de jovens do mercado de trabalho e não à criação de novos empregos.

A Europa é a principal região afetada, segundo a OIT. Desde 2008 até 2010, o desemprego juvenil cresceu 4,6%. No Oriente Médio e no Norte da África, apesar dos avanços na educação, em média, um a cada quatro jovens está sem emprego. As taxas de desemprego da Ásia Meridional (9,9%) e da África Subsaariana (12,5%), vistas fora do contexto, podem ser interpretadas como positivas. Mas a ONU ressalta que boa parte dos empregados trabalha por necessidade e não por opção. As condições precárias e a baixa inserção no mercado formal na região também são destacados no relatório.

O estudo lembra que a Primavera Árabe e outros movimentos de contestação em 2011 seriam um espelho da indignação e falta de oportunidades no mercado de trabalho. “Essas novas estatísticas refletem a frustração e a ira que estão sentindo milhões de jovens no mundo”, disse o diretor-executivo do Setor de Emprego da OIT, José Manuel Salazar-Xirinachs.

Possíveis ações para reverter o quadro foram apontadas. Entre elas, estão desenvolver uma estratégia integral de crescimento e criação de empregos que priorize os jovens; melhorar a qualidade dos empregos com fortalecimento das normas do trabalho; investir em educação e formação de qualidade; levar adiante políticas financeiras e macroeconômicas que removam os obstáculos para a recuperação econômica.

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