Milhares marcham em Portugal contra plano de austeridade

Lisboa – Dezenas de milhares de pessoas marcharam em Lisboa e no Porto neste sábado para protestar contra medidas de austeridade impostas sob os termos de um pacote de resgate […]

Lisboa – Dezenas de milhares de pessoas marcharam em Lisboa e no Porto neste sábado para protestar contra medidas de austeridade impostas sob os termos de um pacote de resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia, os primeiros protestos de peso desde que um governo de centro-direita assumiu o poder em Portugal em junho.

O maior sindicato, o CGTP, que organizou as manifestações, pediu por mais protestos e uma ação trabalhista na semana de 20 a 27 de outubro “contra a pobreza e a injustiça e contra a agressão do Fundo Monetário Internacional”. O líder do CGTP, Manuel Carvalho da Silva, disse que 130.000 pessoas participaram da marcha em Lisboa, onde os manifestantes lotaram a Avenida Liberdade. A polícia não quis dar uma estimativa do tamanho da multidão.

O imposto sobre as contas de energia e gás aumentou para 23 por cento, ante 6 por cento, no sábado para ajudar a conter o déficit orçamentário. Portugal tenta evitar o destino da Grécia, onde uma crise da dívida deixou o país à beira da bancarrota.

Ao contrário da Grécia e de outros países europeus que vêm sendo cenários de protestos violentos contra medidas de austeridade, as manifestações em Portugal costumam ser pacíficas e a de sábado não foi exceção.

Sob os termos do pacote de resgate de 78 bilhões de euros (104 bilhões de dólares), Portugal precisa aumentar os impostos, cortar os gastos, aplicar reformas estruturais, principalmente no mercado de trabalho, e privatizar propriedades estatais para reduzir o déficit orçamentário. Estima-se que as medidas provocarão uma recessão profunda neste e no próximo ano, e um aumento no desemprego do atual nível de mais de 12 por cento, que já é o maior em três décadas.

“Quando analisamos os primeiros 100 dias do novo governo, é uma desgraça… a direita e a extrema direita não têm solução para os problemas do país, nenhum desenvolvimento econômico”, disse Carvalho da Silva aos manifestantes. “Quando eles atacam nossos direitos, quando a pobreza e a injustiça estão crescendo, então nossa luta tem que ser generalizada, tem que ser a luta de todos”.

A coalizão do governo de centro-direita assumiu em junho, apoiada por uma sólida maioria parlamentar depois do colapso da administração socialista. O novo governo prometeu atender a qualquer custo as metas impostas para o déficit de orçamento do pacote.

Os sindicatos reagiram à tentativa inicial de austeridade no ano passado com uma greve geral, mas desde então recorreram a greves setoriais menores.

Analistas dizem que os conflitos sociais podem se intensificar a medida em que os impostos mais altos surgirem e conforme avançam as privatizações em empresas como a operadora de energia REN e a companhia aérea TAP.

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