Cristina Kirchner caminha para maior vitória da redemocratização argentina

Caso se confirmem os prognósticos, a presidenta terá uma vitória maior do que a desenhada pelas prévias (Foto: Divulgação/ Arquivo Site Oficial da Presidência Argentina) São Paulo – A presidenta […]

Caso se confirmem os prognósticos, a presidenta terá uma vitória maior do que a desenhada pelas prévias (Foto: Divulgação/ Arquivo Site Oficial da Presidência Argentina)

São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, tem três semanas para evitar percalços e consolidar a maior vitória eleitoral desde a redemocratização do país, em 1983. Segundo os últimos levantamentos, ela deve vencer no primeiro turno, e ainda tem condições de ajudar a eleger governadores ligados à Casa Rosada na grande maioria das províncias (o equivalente a estados).

Pesquisa da consultoria OPSM mostra que a presidenta chegaria a 51% dos votos válidos, percentual que ainda deve aumentar por conta do bom desempenho esperado na província de Buenos Aires, onde votam dez milhões de pessoas, mais de um terço dos eleitores. 

Além disso, caminha-se para consolidar a vitória de forças ligadas ao kirchnerismo em ao menos 18 das 24 províncias. Até agora, treze delas já realizaram as eleições locais – nove com resultados favoráveis ao oficialismo. No mesmo dia do pleito nacional, 23 de outubro, nove governos provinciais serão definidos, e a vitória para políticos ligados ao governo federal é dada como certa em sete deles – uma ainda está em aberto e há apenas uma provável derrota.

Caso se confirmem os prognósticos, Cristina terá uma vitória ainda mais exitosa que a desenhada pelas prévias, realizadas pela primeira vez na experiência democrática argentina, e reverterá o efeito negativo da derrota nas eleições legislativas de meio de mandato, quando a sequência do kirchnerismo parecia impossível. 

No cenário federal, um percentual acima de 52% daria à presidenta o maior triunfo em quase três décadas de eleições, à frente de Raúl Alfonsín, o primeiro da série, que obteve 51,7% dos votos válidos. Depois dele vieram Carlos Menem, em 1989 (47,49%) e em 1995 (49,97%), e Fernando de la Rúa, em 1999 (48,37%). 

A queda de De la Rúa e a ruptura da ordem política argentina levaram às conturbadas eleições de 2003, quando mais de uma dezena de candidatos de diferentes tendências se apresentaram. Do Partido Justicialista, apresentaram-se Néstor Kirchner, Carlos Menem e Rodriguez Saá. Após vencer no primeiro turno, Menem, prevendo uma derrota, desistiu da disputa na tentativa de deslegitimar Kirchner, que chegou à Casa Rosada com a votação obtida na primeira rodada, de 22,24%, aparentemente insuficiente para lhe dar respaldo político. Quatro anos depois, a mulher de Néstor, Cristina Kirchner, obteve 45,28% dos votos.

Rearranjo

O êxito que se delineia no horizonte deve levar a um rearranjo das forças políticas. Em segundo lugar pode ficar Hermes Binner, atual governador da província de Santa Fé e pertencente ao Partido Socialista, que, apesar do nome, é uma força de centro ou centro-direita. Com isso, Binner terá como se lançar de maneira antecipada como um nome para as eleições de 2015, e tentar encontrar um novo discurso para a oposição, aparentemente perdida com o surgimento novos atores políticos e de mudanças no cenário. Seus 15,5% dos votos válidos dariam condição para rivalizar com Maurício Macri, chefe de governo da cidade de Buenos Aires e líder de outra agremiação política menor, o PRO.

Na sequência, segundo as pesquisas, ficaria Ricardo Alfonsín, filho de Raúl, que tinha a intenção de resgatar o poder da União Cívica Radical, partido que chegou a ser a principal força alternativa ao justicialismo, embora nunca tenha tido a mesma projeção entre as classes mais baixas. Pesam contra a imagem do pai, que não conseguiu terminar o mandato, e, mais que nada, o governo de De la Rúa, conhecido pela moratória (ou default econômico) argentino de dezembro de 2001. É possível que Eduardo Duhalde fique apenas na quinta posição, abaixo do resultado obtido nas primárias, o que poderia significar o fracasso definitivo de sua carreira como político de expressão nacional.

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