Morte de Bin Laden reacende debate sobre uso de tortura

Brasília – A morte do líder e fundador da rede Al Qaeda, Osama Bin Laden, reacendeu o debate sobre o uso de tortura no interrogatório de suspeitos de terrorismo nas […]

Brasília – A morte do líder e fundador da rede Al Qaeda, Osama Bin Laden, reacendeu o debate sobre o uso de tortura no interrogatório de suspeitos de terrorismo nas mãos dos Estados Unidos.

O diretor da Central de Inteligência Americana (CIA), Leon Panetta, confirmou o uso de técnicas de interrogatório para obter informações que levassem ao paradeiro de Bin Laden. Perguntado, Panetta admitiu o uso do chamado “afogamento simulado”.

No afogamento simulado, amarra-se um pedaço de pano ou plástico na boca do prisioneiro e derrama-se água sobre seu rosto, o que leva a pessoa a inalar água – causando a sensação de afogamento.

Entre outras técnicas usadas nas prisões secretas da CIA, incluindo os centros de detenção, como o de Guantánamo em Cuba, estão manter os prisioneiros acorrentados em posições desconfortáveis por um longo período de tempo e privá-los de sono por até 180 horas. As práticas foram introduzidas no início da chamada Guerra contra o Terror, durante o governo de George W. Bush.

Após vários anos de intensa polêmica dentro e fora dos Estados Unidos, essas técnicas caíram em desuso em 2004 e foram proibidas pelo governo do presidente Barack Obama – que assumiu poder em 2009. Panetta disse que as pistas que levaram a Bin Laden não vieram apenas deste tipo de interrogatório, mas de “muitas fontes”.

Vários oficiais que participaram das sessões afirmam que as técnicas levaram a pouca informação sobre o paradeiro do chefe da Al Qaeda. Para a organização de direitos humanos Anistia Internacional, que critica a abordagem usada nos interrogatórios, não existe prova suficiente de que as técnicas brutais aplicadas contra os prisioneiros levaram diretamente a Bin Laden.

“Não existe prova irrefutável de uma relação direta entre os afogamentos simulados e a descoberta deste suspeito [o mensageiro]”, disse a especialista em terrorismo da organização, Geneve Mantri.

“Esta operação foi um processo lento e gradual de juntar fragmentos de informação. Se o governo anterior tinha essa informação, claramente não soube o que fazer com ela.”

Em meio à polêmica, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, descartou que a informação obtida em Guantánamo tenha sido fundamental na busca por Bin Laden. “É simplesmente ingênuo sugerir que um pedaço de informação que pode ou não ter sido recolhida há oito anos de alguma maneira esteja diretamente relacionada ao sucesso da missão do domingo. Simplesmente não é o caso”, disse Carney.

Fonte: Agência Brasil

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