Keiko Fujimori pede perdão por ‘autoritarismo’ no governo do pai no Peru

Segunda colocada em pesquisas de opinião, a filha de Alberto Fujimori tenta atrair eleitores dos outros candidatos à presidência

São Paulo – A segunda colocada em pesquisas de opinião sobre a disputa à presidência do Peru, Keiko Fujimori, pediu desculpas pelos crimes cometidos durante o governo de seu pai. Filha do ex-presidente Alberto Fujimori, ela negou que tenha ocorrido uma ditadura durante a década de 1990, mas admitiu que o governo foi “autoritário”.

“Sou consciente de que represento o fujimorismo e como tal tenho que reconhecer e pedir perdão à população por estes erros e comprometo-me de que nunca mais estes erros e delitos voltarão a ser cometidos”, declarou a candidata ao canal de tevê Frecuencia Latina, de Lima.

Keiko disputa o segundo turno da eleição com o representante da esquerda Ollanta Humala. Ela ficou em segundo lugar no primeiro turno pelo partido de direita “Fuerza 2011″. Humala lidera as pesquisas com 42% da preferência dos votos contra 36% de Keiko.

A candidata, de 35 anos, negou que o governo do pai, eleito em 1990 e que liderou golpe em 1992, tenha sido uma ditadura. “Não foi uma ditadura porque foi eleito pelo povo, mas foi autoritário”, disse a candidata. Keiko reiterou que não vai libertar o pai, condenado a 25 anos de prisão por violação dos direitos humanos e corrupção.

Sobre as eleições do dia 5 de junho, Keiko afirmou que a diferença, segundo as pesquisas, está diminuindo e “acredito que poderemos vencer. Neste momento, temos que continuar trabalhando. Ela também lembrou que há uma grande parcela do eleitorado que ainda não escolheu seu candidato. A candidata pede que “não votem em branco, escolham um candidato, qualquer que seja ele”.

Aborto

Em plena campanha, Humala mostrou-se favorável nesta segunda à descriminalização do aborto terapêutico, de um maior acesso da população feminina aos anticoncepcionais e da promoção da educação sexual na escola. Aborto terapêutico inclui a interrupção da gravidez promovida para salvar a vida da gestante, preservar a saúde física ou mental da mulher, ou ainda em casos em que a criança nasceria com problemas congênitos que seriam fatais ou associados com enfermidades graves.

Em uma entrevista à agência de notícias Efe, Humala lembrou que ele faz parte de “uma família católica” e que seu partido é “defensor da vida”. O aborto gerou muita polêmica durante a campanha eleitoral. Humala também se disse a favor de promover a educação sexual nas escolas e de facilitar “o acesso aos métodos anticoncepcionais a todas as mulheres”, principalmente as de baixa renda.

O cardeal Juan Luis Cipriani, Arcebispo de Lima, e conhecido por suas posições ultraconservadoras, pediu várias vezes à população que votasse contra os candidatos que defendem o aborto e as uniões civis entre homossexuais. Durante a campanha eleitoral, o ex-presidente Alejandro Toledo foi duramente criticado por defender o direito ao aborto terapêutico. Calcula-se que 370 mil abortos clandestinos sejam feitos no país anualmente, quase a metade do número de nascimentos.

Com informações do Sul21 e OperaMundi