Pressionado, Mubarak sinaliza acordo com a oposição

Manifestante durante protestos contra o ditador Mubarak, no Egito (Foto:Mohamed Abd El-Ghany/Reuters) Brasília – Sob pressão da comunidade internacional e da população do Egito, o presidente Hosni Mubarak sinaliza que […]

Manifestante durante protestos contra o ditador Mubarak, no Egito (Foto:Mohamed Abd El-Ghany/Reuters)

Brasília – Sob pressão da comunidade internacional e da população do Egito, o presidente Hosni Mubarak sinaliza que quer um acordo com a oposição para encerrar a sucessão de protestos no país. O ministro das Finanças egípcio, Samir Radwan, disse que o vice-presidente Omar Suleiman vai se reunir com oposicionistas na tentativa de acabar com a crise. As informações, que não dão detalhes sobre o encontro, são da BBC Brasil.

O principal grupo de oposição no Egito, a Irmandade Muçulmana, informou estar pronto para negociar com o governo, desde que haja um acordo por escrito sobre a realização de uma reforma política dentro de um cronograma específico. Em uma declaração, divulgada ontem (3) à na noite da quinta-feira (3), a organização informou que não há exigência alguma a ser feita ao presidente.

Outro líder do movimento oposicionista, o Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, não confirmou presença nas reuniões. Segundo o ministro das Finanças egípcio, a transição de poder no Egito começou quando o presidente Hosni Mubarak disse que não concorrerá à reeleição em setembro, e que se dispõe a transmitir o poder ao sucessor em dezembro.

“É o início da criação de um processo que vai garantir uma transição de poder sem solavancos e sem cair na armadilha de um cenário de caos”, afirmou Samir Radwan.

De acordo com analistas, a participação do maior grupo de oposição do país em conversas com o governo pode ajudar a resolver o impasse no Egito, mas ainda não se sabe se os jovens manifestantes que vêm liderando os protestos nas ruas apoiariam uma negociação enquanto o presidente se mantém no cargo.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apelou na sexta- feira (4) por “um processo de transição ordenada que comece imediatamente” no Egito. Obama disse também que Mubarak deve ouvir a população. “Ele precisa ouvir o que está sendo dito pela população e fazer um julgamento sobre um rumo a tomar que seja ordenado, significativo e sério”, disse Obama. “Nós queremos ver este momento de turbulência se transformar em um momento de oportunidade. O mundo inteiro está assistindo”.

Para a União Europeia, o processo de transição deve começar imediatamente. “O Conselho Europeu está acompanhando com grande preocupação a piora na situação do Egito”, disse um comunicado assinado por 27 líderes do bloco. “Todos os partidos devem se moderar, evitar violência e começar uma transição ordeira para um governo de base ampla”.

Renúncia

Segundo a agência Reuters, citando uma TV local, o presidente Hosni Mubarak renunciou neste sábado (5)  à presidência do Partido Nacional Democrático, legenda governista do Egito. Outros integrantes também teriam deixado a liderança da legenda, incluindo Gamal Mubarak, filho do presidente.

Patrimônio 

Brasília – O patrimônio da família do presidente do Egito, Hosni Mubarak, deve variar de US$ 40 bilhões a US$ 70 bilhões, segundo estudos feitos pela IHS Global Insight – empresa que faz análises econômicas e financeiras. A família de Mubarak tem propriedades em Londres (Reino Unido), Paris (França), Madri (Espanha), Frankfurt (Alemanha), Dubai (Emirados Árabes), além de Washington e Nova York (Estados Unidos).

De acordo com especialistas, a origem do patrimônio vem desde que Mubarak estava na Força Aérea do Egito e firmou contratos militares até quando ele assumiu o governo, em 1981 e diversificou os seus investimentos. Segundo eles, a grande parte do dinheiro da família Mubarak está em bancos localizados fora do Egito.

Para Amaney Jamal, professora de Ciência Política da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, a origem e o tamanho do patrimônio do político egípcio são semelhantes aos de outras famílias de dirigentes de países árabes.

“Os proveitos dos negócios, frutos do seu trabalho no exército e no governos converteram-se em riqueza pessoal. Há muita corrupção neste regime e o desvio de fundos públicos para benefícios individuais”, disse Amaney.

De acordo com Christopher Davidson, professor de Política do Médio Oriente da Universidade de Durham, no Reino Unido, o patrimônio de Mubarak se estende para toda sua família, como mulher e filhos.

Com informações da Agência Brasil, Agência Lusa e Reuters

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