Na Argentina, Cristina Kirchner seria reeleita se votação fosse hoje
Presidente tem mais de 30 pontos de vantagem sobre segundo colocado, Maurício Macri, administrador de Buenos Aires
Publicado 18/01/2011 - 11h18
Os temas que mais preocupam os argentinos são segurança, educação e corrupção, indica pesquisa (Foto: Presidência da Argentina)
São Paulo – A presidente Cristina Fernández de Kirchner tem ampla vantagem sobre os concorrentes e seria reeleita com facilidade se a votação fosse hoje. Ela soma entre 43% e 44% dos votos totais nos dois cenários possíveis atualmente, o que significa a possibildade de encerrar a disputa no primeiro turno, em outubro.
Há dúvida sobre a presença de Cristina no pleito devido à morte, no ano passado, do marido Néstor Kirchner, ao mesmo tempo um dos fatores que explicam a ascensão vista desde dezembro. O Centro de Estudos de Opinião Pública (CEOP) avalia que a força demonstrada pela presidente no episódio e a personalidade com que conduziu seu governo desde então alteraram a percepção de parte da sociedade, e hoje seis em cada dez argentinos aprovam a gestão. Além disso, a imagem de Cristina não sofreu grande desgaste devido aos problemas ocorridos entre dezembro e janeiro, em especial a falta de notas de dinheiro e a escassez de combustível.
No primeiro cenário analisado pelo CEOP, a atual mandatária teria 44% dos votos, contra 12,3% do segundo colocado, Maurício Macri, atual administrador da cidade de Buenos Aires. O representante da União Cívica Radical, neste caso, seria Ricardo Alfonsín, filho do ex-presidente Raul Alfonsín, com 10,4% dos votos. Trata-se de uma situação interessante, já que Alfonsín é o líder oposicionista com melhor imagem, com 52% de aprovação, mas pesa contra ele a ideia de que o radicalismo tem dificuldades para governar: o próprio pai encurtou seu mandato e o último presidente vindo da sigla foi Fernando de la Rúa, um dos responsáveis diretos pela quebra de 2001-02.
“A oposição segue arrastando seus velhos problemas. Pelo menos esta pesquisa deixa claro que, até o momento, a população não encontra um projeto de governabilidade alternativo ao que representa o oficialismo”, constata Roberto Bacman, do CEOP, em entrevista à edição desta terça-feira (18) do jornal Página12.
O segundo cenário tem como candidato da UCR o vice-presidente da República, Júlio Cobos. Após um bom prognóstico eleitoral em meio ao maior desgaste de Cristina, em 2009, Cobos caiu e hoje alcançaria 7,8% dos votos, atrás da presidente (43,3%) e de Macri (11,8%). Sua longa briga com o governo, sempre remando no sentido contrário, a esta altura está lhe custando apoio.
O ex-presidente Eduardo Duhalde, Fernando ‘Pino’ Solanas, da coalizão de esquerda Proyecto Sur, Elisa Carrió, da oposição de direita ao governo, e Hermes Binner, governador de Santa Fé, figuram com menos de 7% dos votos. Nos casos de Solanas e Binner, pesa neste momento o grande desconhecimento da população. Já Duhalde e Carrió têm imagens extremamente desgastadas. O peronista tenta associar sua imagem à de Lula. Em ato esta semana, afirmou ter grande empatia com o brasileiro e afirmou que ambos têm origem no movimento trabalhista: “Não venho da política, fui intendente representando às 62 organizações peronistas.”