Conflitos e perseguições levam milhões de pessoas a deixar país de origem

Brasília – Todos os anos, conflitos e perseguições obrigam milhões de refugiados a reconstruir suas vidas longe de casa. Fica ainda mais difícil quando há pela frente barreiras culturais e […]

Brasília – Todos os anos, conflitos e perseguições obrigam milhões de refugiados a reconstruir suas vidas longe de casa. Fica ainda mais difícil quando há pela frente barreiras culturais e linguísticas. O processo de adaptação é longo.

No Brasil, há mais de 4 mil refugiados. O refúgio é concedido quando há perseguição no país de origem por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões; quando a pessoa não tem mais nacionalidade e está fora do país onde antes teve sua residência habitual; ou quando há grave violação de direitos humanos e o cidadão é obrigado a deixar seu país.

O jovem paquistanês Imran* está no Brasil há um ano. Com 27 anos, ele sofreu grande perseguição religiosa em seu país natal. Imran faz parte da minoria cristã que é oprimida por muçulmanos, que correspondem a 97% da população do Paquistão. Em agosto de 2009, o bairro dos cristãos da cidade de Gojra foi invadido e destruído por muçulmanos.

“Nesse dia, eu estava dando aula de inglês. Mais de 100 pessoas começaram a brigar, a incendiar casas de cristãos e a queimá-los vivos. A polícia chegou, mas não os parou, não impediu o que aconteceu. No dia seguinte, eles disseram: você não pode registrar nenhuma queixa contra nós. No momento, o Estado também estava apoiando os muçulmanos”.

Imran chegou ao Brasil em outubro do ano passado e foi morar com o tio, que está em Brasília há 29 anos. O jovem está aprendendo português e ainda não conseguiu emprego. Ele afirmou que não pretende retornar ao Paquistão e seu maior objetivo é retirar a família do país. “É muito doloroso deixar tudo para trás, mas seria muito mais se ficasse para morrer. Fiz isso pela minha família. Eu planejo levá-los para um local mais seguro que o Paquistão”.

Caroline*, de 36 anos, conseguiu sair da República Democrática do Congo com o irmão Joseph*, 34 anos, após um golpe de Estado. O pai, que antes trabalhava para o governo, foi preso e teve o passaporte apreendido. Segundo ela, o Brasil não foi uma escolha, foi apenas o primeiro país que concedeu um visto.

“A gente chegou em janeiro de 2008.  Quando chegou aqui, a gente tinha um pouquinho de dinheiro e se virou bem. Meu irmão contou a nossa história a um amigo. Foi ele quem encaminhou a gente à irma Rosita [que trabalha no Instituto Migrações e Direitos Humanos]. Ela nos ajudou a ter uma permanência aqui”.

Durante seis meses, os refugiados recebem ajuda de custo de R$ 300 do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). O objetivo do órgão é fazer com que eles consigam se integrar ao mercado de trabalho e refazer a vida no país que os acolheu. Porém, segundo Caroline, é muito difícil viver com esse valor no Brasil. “Eu acho que é um valor simbólico, pois não dá para viver com isso. Falando de dinheiro, a gente se vira sozinho”.

Para Caroline, procedente de um país que tem como língua oficial o francês, um dos maiores problemas foi aprender a língua portuguesa. Ela afirmou que gosta do Brasil, mas que seu objetivo é voltar ao Congo. “É a primeira coisa na minha cabeça.  As coisas estão mais calmas, porque a comunidade internacional falou muito sobre o governo atual. Falar é uma coisa, fazer é outra. Espero que melhore e que todos sejam livres, isso já é um passo”.

Leia também

Últimas notícias