FBI ‘usa’ Venezuela para para prender acusado de vender segredos nucleares

Departamento de Estado admite que não há qualquer relação com o governo Hugo Chávez no caso

São Paulo – Agentes do FBI, órgão encarregado de investigações e espionagem nos Estados Unidos, se disfarçaram de emissários da Venezuela para uma investigação sobre venda de conhecimento nuclear. Embora o governo do país latino-americano não tivesse qualquer relação com o caso, os investigadores prenderam um ex-cientista do Laboratório Nacional de Los Alamos (EUA) e a mulher dele acusados de tentar vender segredos relativos a armas nucleares.

As informações foram divulgadas pelo Departamento de Justiça na sexta-feira (17). O argentino naturalizado norte-americanos Pedro Leonardo Mascheroni, de 75 anos, e Marjorie Roxby Mascheroni, de 67 foram ainda indiciados por conspiração por participar do desenvolvimento de uma arma nuclear. Ambos foram detidos na sexta-feira pelo FBI, e podem ser condenados à prisão perpétua.

O Departamento de Estado salientou que “o indiciamento não alega que o governo da Venezuela ou qualquer um em seu nome tenha buscado ou recebido qualquer informação sigilosa.” Os dois governos mantêm relações tensas há vários anos.

Nem Hugo Chávez nem outros representantes do governo comentaram o caso. Na sexta, o presidente venezuelano havia feito críticas à indicação de Larry Palmer para a embaixada dos EUA na Venezuela. Depois de aprovar as credenciais, Chávez mudou de posição após declarações do diplomata em sabatina ao Senado americano manifestando preocupações sobre a influência de Cuba no país.

O físico Mascheroni trabalhou de 1979 a 1988 no laboratório do governo em Los Alamos (Novo México), que realiza pesquisas com armas nucleares. A mulher dele, que fazia redação e edição técnica, trabalhou lá de 1981 a 2010.

Em março de 2008, segundo o Departamento de Justiça, Mascheroni ofereceu-se a um agente do FBI que se fazia passar por funcionário do governo de Hugo Chávez para ajudar desenvolver uma bomba nuclear no prazo de dez anos. Ele teria pedido cidadania venezuelana, discutido o pagamento e dito ao agente para que se referisse a ele como “Luke”, segundo o Departamento de Justiça.

Em novembro de 2008, Mascheroni enviou a uma caixa postal um disco de computador com um documento codificado de 132 páginas, chamado “Um Programa de Dissuasão para a Venezuela”, que continha dados sigilosos sobre armas nucleares, segundo o Departamento de Estado. Mascheroni teria cobrado US$ 793 mil pela confecção do relatório, segundo as autoridades.

Em julho de 2009, o físico mandou para a mesma caixa postal um disco com um documento de 39 páginas, também com dados sigilosos sobre armas nucleares, diz o indiciamento.

“A conduta alegada neste indiciamento é séria e deveria servir de alerta para quem estiver cogitando comprometer os segredos nucleares da nossa nação para fins de lucro”, disse o secretário-assistente de Justiça David Kris em nota.

Com informações da agência Reutes

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