Dia do Trabalho nos EUA vem carregado de incertezas

Ainda em crise, país norte-americano celebra data na primeira segunda-feira de setembro, enquanto resto do mundo comemora o dia do trabalhador em 1º de maio

Protesto nos EUA pede mais empregos (Foto: AFLCio/Divulgação)

São Paulo – Medo de perder o emprego, dificuldades para se recolocar no mercado, empobrecimento e inadimplência em dívidas no cartão de crédito e hipotecas. O cenário parece o de algum país latino-americano na década de 1990. Mas é o que vive o trabalhador dos Estados Unidos no Dia do Trabalho, celebrado no país de Barack Obama nesta segunda-feira (6). São muitas as dúvidas sobre o futuro da economia.

Desde setembro de 2008, 8 milhões de empregos foram perdidos e as novas vagas geradas tem sido, na melhor das hipóteses, o mínimo necessário para manter estáveis as taxas de ocupação. Em agosto, o desemprego alcançou 9,6%, principalmente por redução de vagas no setor público, segundo o Departamento de Trabalho americano. O índice representa 0,1 ponto percentual a mais do que no mês anterior. A taxa chegou a 10,1% em outubro de 2009 e oscila no patamar atual desde o início deste ano.

Às vésperas da eleição para renovar o Congresso – programadas para 2 de novembro –, sindicatos como a AFLCio usam o Dia do Trabalho para mobilizar eleitores a apoiar o partido Democrata. Ao tentar atribuir os efeitos da crise financeira de 2008 sobre o governo de George W. Bush, a entidade defende mais reformas e medidas voltadas à “economia de classe média”, quer dizer, incentivar empresas a gerar empregos no país, em vez de recorrer a mão-de-obra barata de outras nações.

Mas a demora em colher melhorias econômicas de maior impacto na vida diária e a reorganização dos conservadores depois de um ano e meio de gestão de Barack Obama na Casa Branca podem favorecer o cenário para o partido Republicano.

Alguns analistas acreditam que a oposição alcance maioria na Câmara. Para isso, precisariam de 39 cadeiras a mais. No Senado, seriam necessárias mais 10 vagas vencidas pelos republicanos, o que não deve ocorrer segundo pesquisas de intenção de votos.

Segundo artigo de Katrina vanden Heuvel, editora do The Nation, (clique aqui para acessar o original, publicado no Washington Post) a maior parte dos assalariados norte-americanos tiveram de abrir mão de direitos para permanecer empregados nos últimos dois anos, desde a eclosão da crise econômica que ainda aflige o país. “Quase seis, de cada dez norte-americanos, cancelaram ou reduziram as férias”, exemplifica.

Para complicar a situação, o cenário de precariedade nas relações trabalhistas têm um outro efeito. Os sindicatos dos Estados Unidos, desgastados por críticas de setores conservadores da sociedade, passam por ainda mais obstáculos. Segundo a jornalista, apenas 13% da força de trabalho e menos de 8% dos empregados de empresas privadas são associados a entidades de representação de classe.

Calendário

O feriado marcado para a primeira segunda-feira de setembro é uma exclusividade dos Estados Unidos. Enquanto o restante do mundo comemora o Dia do Trabalhador em 1º de maio, a opção distinta está relacionada à história sindical no país. Os Knights of Labour eram a principal ortanização trabalhista no país nos século XIX.

Além disso, há historiadores que consideram a escolha uma opção para ocultar o massacre de Chicago, que originou a celebração no 1º de maio. Em 1886, uma greve de oito horas terminou com dezenas de trabalhadores assassinados por policiais. A data foi oficializada na Segunda Internacional, cinco anos depois.

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