Acordo com Irã deve servir para retomada de negociações pela paz, diz Amorim

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim em encontro na ONU (Foto:Nozin Kalandarov/Reuters) Brasília – O acordo negociado pelo Brasil e pela Turquia com o Irã para a troca de […]

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim em encontro na ONU (Foto:Nozin Kalandarov/Reuters)

Brasília – O acordo negociado pelo Brasil e pela Turquia com o Irã para a troca de urânio deve servir de base para a retomada das negociações entre o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e os líderes do grupo P+1 (Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia, China e Alemanha). A análise é do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que se reuniu nesta sexta-feira (24) com represenantes dos países árabes, no intervalo da 65ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

O chanceler sinalizou que discorda do conteúdo do discurso feito nesta quinta-feira (23) por Ahmadinejad nas Nações Unidas. No discurso, o iraniano disse que houve uma conspiração norte-americana para promover os atentados de 11 de Setembro de 2001. A acusação provocou o esvaziamento do auditório onde ocorria a sessão, além de uma série de críticas.

“É preciso levar em conta que essas coisas ocorrem. Essas [são] expressões retóricas com as quais obviamente nós não concordamos”, disse Amorim. “[Porém] isso não impede que a gente continue trabalhando pela paz.” Para o chanceler, o objetivo de Ahmadinejad era chamar a atenção da comunidade internacional, o que conseguiu. “Seguramente ele [Ahmadinejad] deve ter alcançado seus objetivos, pois está na primeira página de vários jornais aqui nos Estados Unidos e na Inglaterra.”

Amorim não confirmou se o Brasil participará dessa nova etapa de negociações lideradas pelos Estados Unidos, pela França, Inglaterra, Rússia, China e Alemanha. Segundo ele, a participação direta não faz diferença para o governo brasileiro. “Podem [nos] chamar ou não. Mas não tem problema algum”, afirmou ele. “[Ao negociar o acordo] quisemos contribuir para a paz e acho que estamos contribuindo para a paz.”

O chanceler disse que está “muito animado” com a retomada das negociações entre o Irã e o P+1. Segundo ele, o Brasil não vai “cobrar copyright” (direito autoral) dos termos definidos no acordo sobre a troca de urânio. “[Porém], se quiserem fazer a paz, vão ter que usar a Declaração de Teerã [nome oficial do acordo sobre o urânio]. Se eles vão acrescentar alguma coisa ou não é algo que a gente sabia que ocorreria de qualquer maneira na mesa de negociação. Mas nós ficaremos muito satisfeitos.”
 
Ainda hoje, no final do dia, Amorim se reúne com os chanceleres do Japão, da Índia e da Alemanha. A ideia é intensificar a campanha em favor da ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O Brasil, o Japão, a Índia e a Alemanha defendem a reforma. O conselho segue ainda a estrutura de 1945, com 15 integrantes – dez rotativos e cinco permanentes. A ideia é criar mais dez vagas.

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