Após novo ataque, Israel rejeita investigação internacional

Ministro da Defesa israelense recusa-se a aceitar missão da ONU e conta com aval dos Estados Unidos, que tentarão impor sanções ao Irã esta semana

(Foto: Luke MacGregor/Reuters)

São Paulo – O governo de Israel negou-se a aceitar uma investigação internacional sobre os ataques promovidos na semana passada a uma embarcação que transportava ajuda humanitária à Faixa de Gaza. A informação foi dada pelo ministro da Defesa, Ehud Barak, mesmo depois das novas mortes provocadas pela Marinha israelense. Um barco palestino foi atacado durante a madrugada, com mais quatro mortes.

Na segunda-feira anterior (31), nove pessoas foram mortas quando tentavam transportar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, região habitada por palestinos e mantida em isolamento por bloqueio de Israel. O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) votou o envio de uma missão com função investigatória. Na ocasião, os Estados Unidos, ao lado de Itália e Holanda, posicionaram-se contra a resolução.

Os israelenses argumentam que encerrar o bloqueio a Gaza comprometeria a proteção dos cidadãos, uma vez que a área é controlada pelo Hamas, considerado pelo governo  de Benjamin Netanyahu como terrorista.

A embaixadora da Missão do Brasil junto às Nações Unidas, Maria Luiza Ribeiro Viotti, defende posição diferente. “É muito importante sobretudo em função da situação humanitária em Gaza, que é muito grave. É preciso que exista cada vez mais a consciência de que esse bloqueio precisa terminar e é preciso que se garanta o livre fluxo de bens e pessoas em Gaza”, afirmou.
Terroristas

A versão apresentada pelo governo Netanyahu sobre o ataque desta segunda é a mesma da semana anterior: de que se tratavam de terroristas. Na versão israelense, as pessoas a bordo tinham a intenção de contrabandear equipamentos usados para a confecção de armas e treinar equipes de ativistas anti-Israel.

Para Ehud Barak, o bloqueio que já dura quatro anos está de acordo com as leis internacionais. “Desde o ocorrido temos ouvido e lido muito falatório e questões e sem dúvida nos próximos meses deveremos discutir as lições…talvez formas adicionais de atingir os mesmos objetivos do bloqueio, reduzindo o máximo possível o potencial de atrito”, afirmou o ministro, acrescentando que a investigação será conduzida internamente.

A ONU, por outro lado, reforçou que quer uma apuração internacional. “Estamos fazendo todo o possível para eliminar as diferenças entre os turcos, israelenses e membros não permanentes e permanentes do Conselho de Segurança, para que se realize uma investigação confiável e imparcial”, disse o porta-voz das Nações Unidas, Farhan Haq.

A Turquia, que perdeu nove cidadãos no primeiro ataque, afirmou que é hora de suspender o bloqueio a Gaza. O primeiro-ministro Tayyip Erdogan declarou que Israel terá de pagar a conta pelo “sangue derramado”. “Não queremos mais uma prisão a céu aberto no mundo.”

Sanções ao Irã

Enquanto se recusa a apoiar investigações contra Israel, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, segue direcionando todo tipo de críticas ao Irã. Agora, ela afirma que o governo de Mahmoud Ahmadinejad pode realizar alguma manobra sobre seu programa nuclear, contestado há anos pela Casa Branca.

Hillary quer impor, a todo custo, a quarta rodada de sanções contra os iranianos, mesmo depois que estes assinaram um acordo demonstrando que estão abertos ao diálogo e que não pretendem usar energia nuclear para a fabricação da bomba atômica. “Não acho que ninguém vai se surpreender se eles tentarem desviar mais uma vez a atenção da unidade dentro do Conselho de Segurança (da ONU), mas temos os votos (para aprovar as sanções)”, afirmou, ao prever a reunião desta semana nas Nações Unidas.

O embaixador do Irã junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ponderou que o mundo deveria estar mais preocupado com Israel. Os aliados dos Estados Unidos possuem o único arsenal nuclear do Oriente Médio, mas não se sentem obrigados a assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

Ali Ashgar Soltanieh aproveitou para lembrar que Israel cometeu uma grave infração ao atacar as embarcações a caminho de Gaza. “Este tipo de violação do direito internacional, mais a capacidade nuclear, é muito perigosa para a segurança de todo o mundo.”

Com informações da Reuters, da Agência Brasil e da Rádio ONU.

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