Amorim comemora aprovação de entrada da Venezuela no Mercosul

Ratificação depende agora do Congresso do Paraguai que, dominado pelo conservador Colorado, anuncia que não permitirá ingresso venezuelano

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, considera que a entrada da Venezuela no Mercosul é um avanço para a integração regional (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom. Agência Brasil)

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, parabenizou nesta quarta-feira (16) o Senado por aprovar o protocolo de entrada da Venezuela no Mercosul. Em comunicado divulgado pelo Itamaraty, o chanceler ressaltou que com o ingresso venezuelano, que agora depende do Congresso paraguaio, o bloco terá 270 milhões de habitantes e Produto Interno Bruto (PIB) superior a 2 trilhões de dólares.

“Em 2009, a Venezuela, que já é o segundo maior comprador de mercadorias brasileiras na América do Sul, figura como o sexto destino das exportações brasileiras para o mundo e responde pelo segundo maior superávit nas trocas comerciais do Brasil com o exterior”, aponta Amorim.

No Senado brasileiro, o protocolo enfrentou forte resistência de democratas, tucanos e mesmo de parlamentares da base aliada que consideram que a Venezuela carece de democracia e, por isso, não poderia entrar no bloco. Depois de meses parado na Comissão de Relações Exteriores, o projeto chegou ao plenário novamente envolto em polêmica e houve ampla negociação para que a matéria fosse aprovada.

O placar apertado, 35 a 27, e os últimos seis adiamentos são uma ideia da dimensão ideológica do debate. O comando da base aliada apontava que a aprovação era uma política de Estado, independentemente do governo que hoje tenha a Venezuela, e que a relação econômica não poderia ser deixada de lado.

Integrantes da oposição venezuelana, como o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, estiveram em Brasília para alertar os opositores ao governo Lula que não aprovar a entrada do país no Mercosul seria ruim econômica e politicamente.

O tucano Arthur Virgílio, no debate de terça-feira à noite, não se dava por vencido: “Há um fluxo de comércio muito importante entre os dois países, mas a Venezuela não precisa entrar no Mercosul para manter isso. Não precisaríamos comprar esse desgaste político”.

Do outro lado, o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), manifestou que o isolamento político em nada ajuda os países. “Não estamos fazendo uma avaliação do governo Chávez, porque os governos passam, mas a integração econômica, política e cultural vai ficar. O isolamento será pior para a causa democrática na Venezuela”, afirma.

Paraguai

A entrada da Venezuela no Mercosul jogará luzes agora sobre o Parlamento do Paraguai. Este ano, pressionado politicamente pelos problemas na vida pessoal, o presidente Fernando Lugo retirou da pauta o protocolo de ingresso venezuelano.

Agora, Lugo ficará sob pressão também do outro lado, pelos pares sul-americanos, para que volte a apresentar o texto, mas terá muita resistência por parte dos parlamentares.

O presidente do Congresso, Miguel Carrizosa, afirmou que não vai permitir a entrada. “Nos desculpem os irmãos venezuelanos, mas enquanto Chávez se mantenha nessa atitude intervencionista, não vamos dar o visto para que a Venezuela entre no Mercosul”, afirmou ao jornal ABC Color.

O chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, disse que o pedido sobre a adesão da Venezuela ao Mercosul voltará a ser apresentado quando o governo tiver garantias de sua aprovação, a partir de março, com o fim do recesso parlamentar.

“No momento não está planejado (apresentá-lo), não é uma situação real. Veremos em março quando, com a volta do recesso parlamentar, poderemos conversar novamente com a Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre o tema”, disse o ministro.

Com informações da Reuters, da TeleSur e da Agência Senado.

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