Reunião com Micheletti racha deputados brasileiros

Para Ivan Valente, colegas foram ingênuos e caíram em armadilha dos golpistas; Maurício Rands pensa que não houve desrespeito a recomendações do governo brasileiro

O deputado Ivan Valente, do PSOL, considera que seus colegas foram ingênuos ao aceitarem reunião com golpista (Foto: Agência Brasil)

A reunião de duas horas entre deputados brasileiros em missão em Tegugicalpa e o líder do regime golpista de Honduras, Roberto Micheletti, dividiu opiniões.

Segundo o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), o convite foi feito por um grupo empresarial ligado ao governo golpista. “Isto não representa problema algum porque somos representantes do Congresso. Não representamos o Ministério das Relações Exteriores”, disse Jungmann antes do encontro. Participaram também da reunião os deputados Maurício Rands (PT-PE), Cláudio Cajado (DEM-BA) e Bruno Araújo (PSDB-PE).

Ivan Valente (P-SOL-SP) criticou duramente a decisão dos colegas. “Eles não caíram numa armadilha. Eles foram ingênuos, porque havíamos combinados de que não entraríamos em contato com qualquer pessoa do governo Micheletti”, protestou.

Maurício Rands negou que tenha descumprido uma orientação do governo brasileiro de não dialogar para impedir que se legitime o governo golpista.

De acordo com os presentes ao encontro, Micheletti reafirmou que não violará os direitos diplomáticos da Embaixada do Brasil e se comprometeu a religar o telefone fixo, além de liberar o livro trânsito dos diplomatas. Por outro lado, o golpista não firmou compromisso de conversar com o presidente deposto, Manuel Zelaya, como exigem o Brasil e toda a comunidade internacional.

Mais cedo, Zelaya afirmou aos deputados que aceita voltar ao cargo com menos poderes e se submete ao julgamento exigido pelos golpistas.

Enquanto isso, Micheletti resiste às pressões internas e externas para que revogue o estado de sítio decretado no último fim de semana. O Brasil, os Estados Unidos e o Conselho de Segurança da ONU classificaram a situação de inaceitável e pedem o fim das ameaças. No âmbito interno, os próprios deputados da base governista pedem o fim da medida, que serviu de pretexto para fechar emissoras de rádio e de TV e para aumentar a repressão.

Com informações da Agência Brasil e da Reuters.

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