Peru: García terá chance de rever veto feito ao aborto há quase vinte anos

Comissão especial no Congresso aprova projeto para interrupção da gravidez produzida por violação sexual ou má formação congênita do feto

Pode chegar em breve à mesa do presidente do Peru, Alan García, o mesmo projeto que ele vetou há quase duas décadas, quando ocupou a presidência pela primeira vez.

Uma comissão especial do Congresso aprovou na quarta-feira (7) o texto que prevê a legalização da interrupção da gravidez em casos de violação sexual ou má formação congênita do feto. A proposta, que vai ao plenário para debate, pede também a despenalização do aborto em caso de gravidez resultado de inseminação artificial ou de transferência de óvulo não consentidos.

O projeto é anseio de décadas dos movimentos feministas, que manifestaram em um comunicado conjunto que tais posições foram derrubadas devido a pressões da cúpula da igreja católica. De fato, os católicos manifestaram abertamente o rechaço ao tema e são apontados como responsáveis pelo veto feito em 1990 pelo presidente Alan García ao projeto então aprovado no Congresso.

As organizações feministas entendem que o Congresso deve garantir a “laicidade do Estado, imune a pressões de índole confessional, e tome a decisão de acordo com as leis internacionais de direitos humanos”.

As entidades do setor estimam que anualmente se realizam no Peru 376.000 abortos, a grande maioria em condições inseguras, e assinalam que a violência sexual afeta nada menos que 22% das mulheres da capital Lima.