Moeda comum da Alba começa a funcionar em 2010

Grupo integrado por Venezuela, Equador e Bolívia pretende eliminar dependência do dólar, iniciativa que o Brasil também tem tentado ampliar

Os presidentes de Venezuela, Hugo Chávez, e Bolívia, Evo Morales, aproveitaram a cúpula da Alba para afirmar que não aceitarão resultado de eleições em Honduras (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom. Agência Brasil)

A Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) espera começar a eliminar o dólar de suas negociações comerciais internas a partir de 2010. O Sistema Unitário de Compensação Regional (Sucre, em homenagem a Antonio José de Sucre, militar importante nas batalhas de independência de alguns países latino-americanos) foi aprovado na cúpula da Alba em Cochabamba, na Bolívia.

“Este é um instrumento para a soberania monetária e financeira”, disse o ministro da Economia da Bolívia, Luis Arce, ao informar aos governantes sobre o acordo técnico e político contido no tratado constitutivo do Sucre.

A criação da moeda segue uma tendência mundial de tentar eliminar o dólar de sistemas de compra bilaterais ou multilaterais. O Brasil vem tentando, ainda de maneira incipiente, utilizar moedas locais nas transações com a Argentina e já propôs fazer o mesmo com a China.

Há, no âmbito mundial, uma tendência de recompor a cesta de moedas utilizadas no Fundo Monetário Internacional (FMI), revendo o valor do dólar nos chamados Direitos Especiais de Saque, que determinam o peso de cada país dentro da instituição.

A China, que tem suas enormes reservas internacionais atreladas a títulos do Tesouro dos Estados Unidos, espera uma transição lenta para que não veja a desvalorização repentina de seus fundos. Como não há a passagem de uma potência hegemônica a outra e o euro não pode substituir o dólar como moeda global por não estar ligado a um único Estado, a tendência mais forte é mesmo a recomposição da cesta de moedas, com a inclusão do iuan chinês.

Além da Alba, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, defende que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) faça a substituição do dólar pela cesta de moedas. “Estivemos falando sobre isso na Opep. A Venezuela concorda e há outros países, como Irã e Rússia, que também propuseram essa ideia”, disse Chávez durante a reunião da Alba.

Energia nuclear

O venezuelano aproveitou o evento em Cochabamba para anunciar que o Irã está colaborando para que seu país localize urânio. Em parceria com a Rússia, Chávez espera desenvolver energia nuclear para uso pacífico. O plano iraniano não é visto com bons olhos pelos Estados Unidos, que duvidam das intenções de Mahmoud Ahmadinejad.

Recentemente, a Casa Branca manifestou preocupação com a aproximação entre Irã e Venezuela. Os asiáticos suprem o país governado por Hugo Chávez com tratores e mercadorias de consumo, incluindo bicicletas e laticínios, em troca de petróleo.

“O que propomos é que as bombas nucleares sejam eliminadas. A Venezuela nunca fabricará uma bomba nuclear”, afirmou Chávez, acrescentando que o país está sendo injustamente criticado por planejar explorar urânio.

Leia também

Últimas notícias