Livro de Chomsky é proibido em Guantánamo
Linguista é crítico à política externa dos Estados Unidos e teve sua obra banida da base mantida pelo país em Cuba, onde estão acusados de terrorismo detidos sem julgamento
Publicado 22/10/2009 - 16h43
Capas do livro “Interventions”, de 2007, publicado nos Estados Unidos e no Líbano (Foto: Reprodução)
A antologia “Interventions” do professor de linguística e ativista político Noam Chomsky foi censurada por militares dos Estados Unidos na base de Guantánamo. Um advogado que representa presos – a maioria sem julgamento – acusados de envolvimento com o terrorismo internacional havia doado uma cópia em árabe do livro para a biblioteca da prisão.
Aos 80 anos, Chomsky é um dos principais críticos da política externa dos Estados Unidos e professor emérito do Massachusetts Institute of Technology (MIT). “Isso acontece às vezes em regimes totalitários”, ironizou ao Miami Herald após saber da decisão. “De algum interesse acidental, talvez, é a natureza do livro que eles baniram. Consiste em artigos escritos para o The New York Times publicado e distribuído por eles. A podridão subversiva deve ser profunda”, emendou.
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A obra de 2007 não tem edição em português e reúne ensaios do autor após os atentados de 11 de setembro de 2001, quando aviões sequestrados foram atirados contra as torres do World Trade Center em Nova York e o Pentagono em Washington.
A biblioteca da prisão conta com 16 mil itens, incluindo livros e filmes como Harry Potter, a Copa do Mundo e exemplares do Alcorão, livro sagrado para os muçulmanos.
Os oficiais ouvidos pelo jornal de Miami não esclareceram os motivos do veto. O comandante da Marinha Brook DeWalt, porta-voz de Guantánamo, disse que o quadro de censores da base avaliam cada item proposto ou recomendado para a biblioteca para a segurança dos guardas em questões associadas à dinâmica da prisão, como impacto na boa ordem e na disciplina.
Segundo o jornal, o livro censurado mostrava Chomsky de casaco preto sobre uma capa da mesma cor na edição de uma editora de Beirute, capital do Líbano. A obra era destinada a Ali Hamza al Bahlul, integrante confesso da Al Qaeda.
A base de Guantánamo, em território cubano, é amplamente questionada por organizações de direitos humanos. Uma das promessas de campanha relacionadas à política externa e de segurança do presidente Barack Obama era o fechamento da prisão, com a libertação ou realização de julgamentos adequados.