Honduras: golpistas e depostos encerram diálogo

Presidente Manuel Zelaya entende que líderes do regime golpista usam negociação apenas para ganhar tempo

A comissão negociadora do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, deu por encerrado o diálogo com o governo golpista para solucionar a crise política do país. 

A decisão foi tomada nesta sexta-feira (23), após expirar o prazo estipulado pelos representantes do mandatário destituído para que a comissão do líder golpista, Roberto Micheletti, apresentasse uma nova proposta de acordo. 

“Demos este diálogo por concluído, porque não estamos dispostos a permitir que o regime golpista utilize o diálogo como um instrumento para dilatar as soluções, para adiar a saída da crise e para ganhar tempo. O tempo que a ditadura ganha rouba a democracia de Honduras”, advertiu Vitor Meza, membro da delegação de Zelaya.

Os diálogos foram iniciados no dia 7 de outubro, com apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA), e tinham como base o Acordo de San José, proposto pelo presidente da Costa Rica e mediador da crise política hondurenha, Oscar Arias. 

As conversações, no entanto, estavam interrompidas desde a última segunda-feira, quando a delegação de Micheletti apresentou uma proposta que foi recusada pelos representantes de Zelaya. 

A proposta estabelecia que a Corte Suprema de Justiça e o Congresso Nacional apresentariam às comissões de diálogo um informe sobre os antecedentes do golpe de Estado, sendo que o texto serviria de base para decidir a restituição do governo constitucional. 

As comissões já acordaram a maior parte dos pontos requeridos no Acordo de San José, menos na questão que envolve a volta de Zelaya ao poder. 

Segundo Meza, a ruptura do diálogo não é favorável ao país, porque produzirá um cenário caracterizado pela “convulsão política, agravamento da crise e a crescente ‘ingovernabilidade’ democrática de Honduras”. 

Os representantes de Zelaya se reunirão ainda nesta sexta com o mandatário deposto, na Embaixada do Brasil, onde o presidente está desde 21 de setembro, dia em que retornou a Honduras. O encontro tem como objetivo definir qual serão as próximas etapas para sua restituição. 

Zelaya foi destituído no último dia 28 de junho, quando militares invadiram sua casa e o obrigaram a deixar o país. O golpe de Estado ocorreu devido à intenção do mandatário realizar uma consulta popular para modificar a Constituição.

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