Contagem oficial confirma 2º turno em eleição no Uruguai
Pesquisa apontava 48% de votos para José Mujica, candidato do governo (Foto: Divulgação) Montevidéu – A contagem oficial dos votos da eleição geral de domingo no Uruguai confirmou nesta segunda-feira […]
Publicado 26/10/2009 - 09h13
Montevidéu – A contagem oficial dos votos da eleição geral de domingo no Uruguai confirmou nesta segunda-feira (26) a necessidade de um segundo turno para definir a Presidência entre a coalizão governante de esquerda Frente Ampla e o Partido Nacional, de oposição.
Com quase 95% dos votos apurados, a Frente Ampla, do ex-guerrilheiro José Mujica, tinha 47,15% dos votos, ante 28,76% do Partido Nacional, do ex-presidente Luis Alberto Lacalle, informou o Tribunal Eleitoral.
Em terceiro lugar, com uma votação surpreendente e muito acima do esperado, ficou o histórico Partido Colorado, com 16,8%. Com o resultado, a esquerda perdeu seu domínio do Congresso.
“A sociedade exige de nós mais um esforço, participar de um segundo turno”, disse Mujica, de 74 anos, em entrevista coletiva após o fim da votação. Seu companheiro de chapa, o ex-ministro da Economia Danilo Astori, disse que a votação de domingo “indicou que nos dirigimos para a vitória, só que a vitória exige de nós um desafio a mais.”
Já o ex-presidente Lacalle, de 68 anos, declarou que o povo “elegeu o Parlamento, mas com certeza está pensando em quem terá a capacidade de conduzir o Poder Executivo do país.”
Seja qual for o resultado do 2º turno a ser disputado em novembro, ele não traria mudanças drásticas ao rumo moderado imprimido ao país pela coalizão Frente Ampla, similar na região ao Brasil e Chile, segundo analistas e os próprios candidatos.
Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, disse que convocou o Comitê Central de seu partido para que decida sua posição para novembro, mas adiantou que “pessoalmente, votarei no doutor Lacalle.”
Os votos dos colorados seriam vitais para a intenção de Lacalle de tirar a esquerda do poder. Mujica, popularmente chamado de “Pepe”, foi um dos primeiros a votar no domingo, como o presidente socialista Tabaré Vázquez, que deixa o cargo com uma alta aprovação popular.
Depois de votar no bairro operário Cerro, o ex-guerrilheiro foi para sua pequena granja nos arredores de Montevidéu, onde foi visto trabalhando a terra com um trator.
Lacalle, um político veterano apelidado de “Cuqui”, que ocupou a Presidência entre 1990 e 1995, votou no final da tarde no bairro Pocitos.
Poucas mudanças
Vázquez adotou planos sociais de ajuda aos mais pobres e uma política econômica simpática ao mercado, que salvou o Uruguai de entrar na recessão provocada pela crise mundial e evitou temores dos investidores.
Mujica tem uma posição política mais radical que o presidente, mas prometeu seguir sua linha amigável com os mercados.
O banco de investimentos Barclays Capital disse na sexta-feira (23) em um relatório que acha que “os resultados das eleições de domingo não significam um risco imediato para a economia ou para os ativos do país.”
Lacalle, advogado e proprietário de terras, fez críticas pontuais à política econômica da Frente Ampla durante a campanha eleitoral, e prometeu melhorá-la.
Segundo as projeções dos institutos de pesquisa, os eleitores rejeitaram a anulação de uma lei que descartava o julgamento de militares e policiais acusados de violar os direitos humanos durante a ditadura, salvo em casos específicos.
Teve o mesmo destino outra iniciativa do governo para autorizar o voto epistolar para os uruguaios que vivem no exterior, cerca de 700 mil pessoas ante uma população de 3,3 milhões.
Fonte: Reuters