Na Unasul, Colômbia resiste em dar detalhes sobre acordo com EUA

Diante da negativa, ministros da Unasul chegaram a acordos parciais sobre a transparência em suas políticas de segurança

Quito – Os ministros da Unasul chegaram na terça-feira (15) a acordos parciais para tornar mais transparentes suas políticas de segurança, em meio à negativa da Colômbia em detalhar seu acordo militar com os Estados Unidos, o que impediu um acordo definitivo.

O Equador, que atualmente preside a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), ressaltou que os 12 países conseguiram um consenso sobre o intercâmbio de informação em gastos de defesa, notificação de operações fronteiriças e respeito à soberania de cada nação.

No entanto, a Colômbia se negou a oferecer ao organismo garantias sobre o acordo que autorizaria os EUA a usar sete bases militares colombianas para operações antidrogas.

“Lamentavelmente não chegamos a resoluções. Lamentamos a atitude da Colômbia, a intransigência da Colômbia, que não quer dar transparência ao convênio sobre as bases militares”, disse o chanceler boliviano, David Choquehuanca, ao final do encontro.

Seu colega equatoriano, Fander Falconí, admitiu que “evidentemente houve dificuldades no processo de negociação”, e disse que uma nova reunião será convocada para destravar o diálogo.

A Colômbia argumentou que não foram dadas garantias também em outros temas, como acordos de cooperação, armamentismo, luta contra o narcotráfico e presença de grupos “terroristas” na região, uma das suas exigências para os demais sul-americanos.

“Não basta pedir garantias para um assunto, uma preocupação, e deixar de lado as preocupações dos demais”, disse o ministro colombiano da Defesa, Gabriel Silva, a jornalistas.

“A confiança se ganha dia-a-dia em todos os âmbitos, e não só em alguns e deixando outros de fora”, acrescentou o chanceler do país, Jaime Bermúdez.

O Brasil, maior país da região, e um dos mais moderados, afirmou que a Colômbia não dimensiona o grande incômodo que a presença de tropas estrangeiras provoca na região, e que isso seria um dos entraves para avançar na confiança entre as nações.

“É um direito soberano da Colômbia sempre e quando sejam dentro dos limites territoriais…, (mas) acho que a questão é que a Colômbia ainda não percebeu totalmente o grau de incômodo que causa a outros países”, disse o chanceler Celso Amorim.

A reunião de ministros de Defesa e Relações Exteriores também abordou os planos de vários países para adquirir armas.

Venezuela, que negocia com a Rússia a compra de 2,2 bilhões de dólares em aviões e sistemas antimísseis, disse estar disposta a dar detalhes sobre seus planos.

O Brasil também negocia um acordo similar com a França. Equador e Chile também reforçaram sua força aérea recentemente, enquanto a Bolívia anunciou a intenção de comprar aviões e helicópteros russos e franceses.

Fonte: Reuters

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