Afeganistão permanece como desafio para Obama e Brown

Governos dos Estados Unidos e Reino Unido têm dificuldades para garantir apoio popular à permanência de tropas no país

Eleições no Afeganistão são teste para Gordon Brown, primeiro-ministro britânico (Foto: Shaun Curry/Reuters)

A poucos dias da eleição presidencial no Afeganistão, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama e o primeiro-ministro do Reino Unido Gordon Brown têm dificuldade para garantir apoio popular à presença de tropas internacionais no país. Uma escalada de violência atribuída a milícias do Talebã avançou nas últimas semanas.

O pleito de 20 de agosto é apontado como um teste para a nova estratégia da Casa Branca. O presidente Hamid Karzai tem ampla vantagem, segundo pesquisas, sobre Abdullah Abdullah, mas não a ponto de evitar um segundo turno. Mas o Tabelbã promete prejudicar o andamento da votação. No sábado (15), reivindicou a autoria de atentado com um carro-bomba que matou sete pessoas em Cabul, perto da sede da força internacional sob comando da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Obama tenta reforçar, nesta segunda-feira (17), o apoio à guerra. Ele discursa a militares veteranos em Phoenix e tenta responder ao aumento no número de mordes de soldados e do envio de 30 mil homens como reforço. Às vésperas de se completarem oito anos de ocupação, pesquisas nos Estados Unidos indicam apoio cada vez menor à ação militar.

Desde que assumiu, o democrata tenta tirar o foco da presença de tropas no Iraque para se concentrar no Afeganistão. Em seu discurso, ele deve manter a linha. “Ele obviamente irá tocar no que estamos conseguindo (e) no que esperamos conseguir”, disse o porta-voz presidencial Robert Gibbs, antecipando o discurso marcado para 11h (hora local) numa convenção dos Veteranos das Guerras Externas.

Também devem compor o discurso temas como a própria guerra no Iraque, gastos militares e o plano de saúde dos veteranos. Sobre a eleição afegã, a expectativa é de cautela, para evitar uma impressão de interferência.

Reino Unido

Desde que o número de soldados britânicos mortos no Afeganistão superou 200 em menos de oito anos, ampliaram-se as críticas a política de Gordon Brown de manter a presença de tropas no país. O primeiro-ministro declarou que teve “um dos verões mais difíceis” desde que se uniu à invasão liderada pelos Estados Unidos para derrubar o Talebã, em 2001.

Brown reiterou que as forças da Otan devem permanecer no país até que governo, polícia e forças armadas sejam capazes de assumir um controle maior. “É para manter a Grã-Bretanha e o resto do mundo seguros que devemos honrar nosso compromisso de preservar um Afeganistão livre e estável”, disse. Segundo ele, três quartos dos planos terroristas na Grã-Bretanha se originam das áreas montanhosas do Afeganistão e do Paquistão.

A menos de um ano das eleições internas, o primeiro-ministro britânico é alvo de pressão política. Segundo seus críticos, as tropas britânicas não têm equipamentos suficientes. O aumento no número de mortes de britânicos e os relatos de falta de equipamento erodiram o apoio à guerra na Grã-Bretanha. Uma pesquisa do jornal Times, em julho, indicou que dois terços dos eleitores querem que os 9 mil soldados britânicos se retirem agora ou dentro de um ano.

Com informações da Agência Reuters

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