Futuro de Zelaya será determinado por pressões, diz professor

Para professor da Federal do Rio Grande do Sul, situação da Guatemala realmente preocupa, embora seja difícil prever ocorrência de golpe

Manifestantes continuam nas ruas de Tegucigalpa à espera de Manuel Zelaya (Foto: Agência Bolivariana de Notícias)

A pressão internacional e a pressão vinda das ruas vão determinar a sorte do governo golpista de  Honduras nos próximos dias. O professor Marco Cepik, pesquisador do Núcleo de Estratégia e Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirma em entrevista à Rede Brasil Atual ser difícil prever o resultado da mediação da Costa Rica na crise, mas acredita que o mais provável é uma solução que preveja a volta de Manuel Zelaya ao poder desde que não seja convocado um referendo sobre a formação de uma Assembleia Constituinte – a alegação para o golpe.

Esta semana, o líder cubano Fidel Castro escreveu que a mediação do costarriquenho Oscar Arias é apenas uma tentativa dos Estados Unidos de retardar o processo e acusou que os embaixadores estadunidenses foram informados com antecedência sobre o golpe. Para o professor da UFRGS, de fato o governo Barack Obama teve um papel ambíguo no caso, inicialmente relutando em reconhecer a ocorrência do golpe. Para o pesquisador, no entanto, neste momento “a atuação tende a reconhecer uma solução que envolva uma sinalização clara contra qualquer golpe de Estado”.

Recentemente, Hugo Chávez e Evo Morales acusaram que há um plano golpista em curso na Guatemala contra o governo de Álvaro Colom. As declarações foram dadas pela ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1992, Rigoberta Menchú, que deu mais detalhes sobre o plano. Para ela, a queda, se ocorrer, será por pressões econômicas, e não pela atuação direta dos militares. A guatemalteca apontou que a primeira tentativa de derrubar Colom ocorreu em maio, quando foi assassinado um advogado que deixou um vídeo apontando o presidente como responsável pela morte.

Para Marco Cepik, ainda que não se possa apontar se haverá golpe ou não, a situação da Guatemala é a que mais preocupa. “Há tensões na América Central não só pelo aumento de descontentamento social, mas também pela própria fragilidade macroeconômica dos países. A Guatemala ainda vive uma transição para a democracia e os militares mantêm uma tutela muito grande sobre o governo”, afirma.

Sobre a atuação brasileira no caso, o pesquisador destaca que “houve uma posição muito firme do governo de não aceitar qualquer solução que não seja o retorno de Zelaya, e foi feito um chamamento a uma solução de acordo ao sistema político hondurenho”. Para Cepik, além de reconhecer a existência de esferas de influência, trata-se de aceitar os limites do país ao apoiar a mediação realizada pela Costa Rica.

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