Insulza afirma que renúncia de Micheletti seria um avanço

Ao mesmo tempo, igreja hondurenha coloca todo seu peso contra o retorno de Zelaya e deixa de lado papel de mediadora

Para Miguel Insulza, há espaço para que as negociações melhorem muito mais (Foto: Valter Campanato. Agência Brasil)

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, afirmou estar “cautelosamente otimista” com a disposição do golpista Roberto Micheletti de deixar a presidência de Honduras. Em Washington, o chileno classificou como “um avanço” a proposta. “Estas negociações tiveram momentos negativos e positivos. Agora estamos em um positivo”.

Nesta quinta-feira (16), a Bolívia transformou-se no centro das falas contra os golpistas hondurenhos. Além da ministra de Relações Exteriores de Honduras Patrícia Rodas os presidentes de Venezuela, Argentina, Paraguai e Equador estão em La Paz para a comemoração do bicentenário boliviano. Passam pela capital também o chanceler brasileiro, Celso Amorim, e representantes do governo de Cuba.

Em Tegucigalpa, a população reforçou a greve geral e prepara o fechamento de estradas que servem a capital hondurenha. A intenção, pelas próximas 48 horas, é prejudicar o abastecimento de alimentos para enfraquecer os movimentos partidários ao golpe.

Por outro lado, a Igreja, instituição mais respeitada no país, colocou nesta quinta todo seu peso a favor dos golpistas. O cardeal Oscar Rodrigues Maradiaga, que muitos no país creem estar numa pequena lista de possíveis candidatos a papa, afirmou que Zelaya “não tem nenhuma autoridade, moral ou legal”. “Ele perdeu a autoridade legal porque violou leis e a autoridade moral perdeu com um discurso recheado de mentiras”, acusou.

Para o cardeal, continuar afastado seria “a coisa mais patriótica” que Zelaya poderia fazer. “Qualquer outra coisa é simplesmente tentar impor o projeto de Hugo Chávez a qualquer custo”, disse.

Setores menos alinhados à cúpula da Igreja Católica não concordam com as acusações do cardeal. O padre jesuíta Ismael Moreno acredita que “a Igreja perdeu toda a capacidade de mediar. Perdeu toda a credibilidade.”

Com informações da Agência Boliviana de Informação