Chile quer servir de plataforma para exportação brasileira

Ministros e presidente Bachelet defendem o país como ponte para a conexão das empresas do Brasil com a Ásia e a Oceania

Presidente Lula durante encontro com a Presidente do Chile, Michelle Bachelet em São Paulo (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

SÃO PAULO – O Chile como país-plataforma para as exportações brasileiras. É dessa maneira que o país de Michelle Bachelet fez questão de se apresentar no Encontro Empresarial Brasil-Chile, que foi realizado nesta quinta-feira (30) em São Paulo.

Os representantes dos governos presentes no evento assinalaram a grande competitividade do Chile e a boa condição em termos de infraestrutura. Lembrando que o país tem 20 acordos com 56 nações, alcançando 85% do PIB mundial, o ministro da Economia chileno, Hugo Lavados Montes, afirmou ser preciso “assinalar que podemos ser uma ponte importante para as empresas brasileiras alcançarem outros mercados.”

O Brasil não declinou o convite. Welber Barral, secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil destacou as vantagens chilenas em relação a logistica e apontou que o país tem uma rede de acordos “bastante positiva”. “Brasil e Chile são países que entenderam, mais do que outros latino-americanos, o valor da democracia e da estabilidade política.”

Na questão da integração, Sergio Bitar Chacra, ministro de Obras Públicas do Chile,  destacou que qualquer projeto no continente não pode excluir o Brasil e que o país terá, junto com os outros BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), um papel-chave na economia mundial até 2030. Assim, reafirmou que o Brasil deve utilizar a saída chilena para o Pacífico como uma porta de abertura para a Ásia e a Oceania.

Em uma apresentação sobre os corredores interoceânicos, Bitar destacou o papel do Corredor Bioceânico Central, que prevê a construção de uma ferrovia entre Chile e Argentina – atravessando os Andes – até 2020.”Nossa tarefa é incluir o maior número de projetos possível entre os países sul-americanos, e dentro disso conectar os setores público e privado.”

Marcelo Perropato, secretário de Política Nacional dos Transportes do Brasil, destacou o corredor entre três países – Santos (Brasil), Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) e Antofagasta (Chile) – afirmando que a parte brasileira está praticamente concluída. “A obra não deve ser entendida como uma simples ligação entre oceanos, isso seria minimizar o projeto. Ele vai potencializar investimentos ao longo do trajeto, especialmente no caso da Bolívia”, disse Perropato.

Em tom otimista, ele destacou que a “integração sul-americana tem muito menos barreiras para se concretizar que os esforços feitos ao longo de 50 anos na Europa”.

Mas, ao menos na relação Brasil-Chile, ainda falta percorrer um longo caminho, como admitem os representantes de ambos governos. Ao longo das três últimas décadas, o Brasil representou somente 0,6% dos investimentos estrangeiros no Chile. O país liderado por Michelle Bachelet foi apenas o 10° parceiro comercial do Brasil em 2008 e, no primeiro semestre de 2009, as trocas entre as duas nações tiveram forte queda, tanto em valores, quanto em quantidade. Para resolver o problema, Barral propõe o aprofundamento de acordos entre o Chile e o Mercosul.

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