Acusação contra Correa piora relação com Colômbia

Vídeo mostra membro do alto comando das Farc falando de 'ajuda em dólares à campanha' do equatoriano. Material foi encaminhado à OEA pelo governo Uribe

Correa nega vínculos com as Farc e acusa “esquema para macular a imagem” de seu governo (Foto: Secretaria de Comunicação Equador)

O presidente do Equador Rafael Correa negou que seu governo tenha recebido dinheiro das Forças Armadas Revolucionárias – Exército do Povo (Farc-EP). A declaração dada no sábado (18), diante de vídeo de ex-guerrilheiro divulgado pela mídia da Colômbia. O episódio abala ainda mais as relações entre os países. Correa atribuiu a denúncia a uma campanha da mídia de direita do país vizinho. 

O vídeo, cuja autenticidade teria sido confirmada pela promotoria colombiana, mostra Jorge Briceño, conhecido como “Mono Jojoy”, afirmando ter fornecido “ajuda em dólares à campanha de Correa e conversas posteriores com seus emissários, incluindo alguns acordos, segundo documentos em poder de todos nós”. As imagens teriam sido captadas em uma base das Farc e a gravação obtida durante uma invasão ao apartamento de uma guerrilheira detida há dois meses em Bogotá. Não fica claro se a “ajuda” teria sido para a eleição do primeiro ou segundo mandato.

A Colômbia enviou a cópia do vídeo para a Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Interpol, segundo o governo do país. “A Colômbia entregou o material à OEA para analisar a situação e agir de acordo com o seu mandato”, disse Cesar Velasquez, porta-voz presidencial da Colômbia, à Reuters.

O presidente equatoriano venceu as eleições em abril de 2009 no primeiro turno. Ele assume o novo mandato em agosto. Correa sustenta que “jamais recebeu um só centavo” de nenhum grupo guerrilheiro e pediu que se investigue a denúncia, a qual classificou como “tolice”. “Esta campanha, não só a nível de Colômbia, mas de nível regional, de onde está partindo um ataque da direita e de todos os seus instrumentos, entre eles os meios de comunicação, para desestabilizar os governos progressistas da região”, acrescentou em seu comunicado semanal.

“Eles não podem nos vencer nas urnas (e) e tentam ganhar com a mentira e a calúnia”, protestou. “Então, há toda um esquema para macular a imagem do governo”, concluiu Correa. O equatoriano defendeu que, junto das investigações do caso, sejam analisados dados relativos às operações colombianas de março de 2008 em território vizinho sem autorização.

Rusgas

Desde março de 2008 a relação entre Colômbia e Equador vêm se deteriorando. Quito e Bogotá se concentraram em uma série de acusações pelo controle da fronteira comum de onde operam algumas frentes das Farc. Naquela ocasião, na qual morreram o guerrilheiro Raúl Reyes e outras 24 pessoas, Correa rompeu relações diplomáticas com o vizinho após uma incursão militar colombiana em seu território.  Correa qualificou a operação como um “massacre” e uma violação à soberania equatoriana.

Segundo o exército colombiano, na incursão foram encontrados vários computadores pertencentes a Reyes, que continham uma série de documentos, alguns dos quais mostravam uma suposta relação de membros das Farc com o governo de Correa, o que tem sido negado por Quito. O governo de Alvaro Uribe acusa o Equador de não fazer o bastante para combater às Farc.

Com informações da Reuters

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