García insinua participação de Morales em conflitos no Peru

Indígenas acusam a morte de pelo menos 40 pessoas e 23 membros das forças de segurança também morreram desde sexta-feira

O bloqueio de uma estrada em Bagua, na Amazônia, deu início à repressão policial que deixou dezenas de mortos (Foto: Catapa)

O presidente do Peru, Alan García, considera que há uma “agressão subversiva contra a democracia” no episódio que deixou mais de 60 mortos em Bagua, na Amazônia. Os episódios iniciados na última sexta-feira são o ápice de uma paralisação de quase dois meses contra os decretos do governo para a região amazônica.

Para Alan García, há interesses externos por trás da questão: “durante 55 dias tentamos o diálogo e inclusive os chamados dirigentes nativos assinaram documentos que, por problemas políticos e talvez ordens internacionais, depois desconheceram”.

Afirmando que há uma agressão cuidadosamente preparada, o presidente acrescentou que há uma conspiração permanente de grupos radicais com inspiração externa, o que foi entendido como uma insinuação da participação do presidente da Bolívia, Evo Morales, e do político de esquerda Ollanta Humala, derrotado nas últimas eleições.

Por sua vez, a ministra de Justiça da Bolívia, Celima Torrico, culpou o governo peruano pelo enfrentamento entre policiais e indígenas. Para ela, “não há justificativa para tantas mortes, tanta matança. O governo peruano sabe que tem que chegar a um acordo. Aqui houve mortes e a vida humana não se recupera”.

Depois que teve o pedido de prisão decretada, o presidente da Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana, Alberto Pizango, desapareceu. O governo peruano acredita que ele tenha sido recebido na Bolívia. O líder comandou dois meses de protestos contra decretos que o movimento considera uma ameaça às suas terras e à própria sobrevivência, além de buscar a exploração de hidrocarbonetos em autorização dos nativos.

Novo protesto

Neste domingo, mais de mil indígenas ocuparam o aeroporto de Trompeteros, também na Amazônia peruana. As reivindicações são as mesmas apresentadas pelos moradores de Bagua.

Os governos de Evo Morales e Alan García, que nunca tiveram a melhor relação possível, têm visto o nível de tensão crescer nos últimos meses. A Bolívia reclama da ação apresentada pelo Peru na Corte Internacional de Haya pedindo a revisão dos limites com o Chile. Morales acredita que se trata de uma maneira de atrapalhar as negociações com os chilenos para que seu país tenha uma saída para o mar. Além disso, o Peru deu asilo político a três ex-ministros do governo Gonzalo Sánchez de Losada que sofrem processo pelas mortes ocorridas em outubro de 2003.

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