Na Venezuela, Vargas Llosa aceita debater com governo

Chávez convidou autores liberais liderados pelo peruano Mario Vargas Llosa para debate com intelectuais favoráveis ao governo, mas autores querem o debate com o presidente venezuelano

CARACAS, 29 MAI (ANSA) – Um grupo de escritores liderados pelo peruano Mario Vargas Llosa aceitou hoje o convite do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para debater política, mas pediram para que o encontro seja com ele, e não com intelectuais de esquerda, como havia proposto o mandatário. 

Na quinta-feira, durante a maratona do programa televisivo “Alô, presidente”, que vai durar quatro dias, Chávez convidou os autores liberais a debater sobre democracia, liberdade e direitos humanos com outros intelectuais favoráveis ao governo. 

“Eu me afasto e deixo que vocês discutam, os convidados especiais de direita e os convidados socialistas. Eu vou me sentar no meio do público”, afirmou Chávez. 

Vargas Llosa, o ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda e o historiador mexicano Enrique Krauze, opositores a Chávez, aceitaram a proposta de diálogo do presidente, mas se recusaram a debater com outros intelectuais de esquerda. 

Castañeda disse que seria uma “grande oportunidade” discutir com Chávez, porém indicou que “não seria nenhuma novidade” conversar com alguns de seus colegas de esquerda, já que este tipo de encontro — entre pensadores com ideias liberais e intelectuais socialistas — acontece “diversas vezes” fora da Venezuela. 

Mesmo assim, ressaltou que o debate “seria magnífico para os telespectadores venezuelanos, que há 10 anos assistem todos os dias o presidente Hugo Chávez de quatro a cinco horas, não diria que em um monólogo completo, mas quase”, afirmou Krauze. 

Nesse sentido, o historiador elogiou a iniciativa do presidente de “escutar a opinião dos outros, e não apenas expor as suas”. 

Por sua parte, Vargas Llosa disse que todo o grupo está a favor do diálogo como um “princípio da cultura democrática que defendemos”. 

No entanto, o escritor peruano ressaltou que, “se o presidente quer este diálogo, que seja em igualdade de condições”, concluiu. 

Os três participam em Caracas de um fórum promovido pela associação civil Cedice (Centro de Divulgação do Conhecimento Econômico para a Liberdade), opositora ao governo.